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Intervalos na Terapia Anti-HIV Treinam Sistema de Defesa

Por Merritt McKinney

NOVA YORK (Reuters Health) - Uma pesquisa preliminar em macacos sugere que intervalos regulares na terapia de combinação de drogas podem ajudar a treinar o sistema imunológico a manter o HIV, vírus que causa Aids, sob controle.

Ensaios clínicos estão sendo realizados para verificar se a técnica irá funcionar tão bem em humanos, disse a principal autora do estudo à Reuters Health.

De acordo com Julianna Lisziewicz, do Instituto de Pesquisa para Terapia Genética e Humana, em Washington (DC), a experiência do "paciente de Berlim" -- um alemão cuja infecção com HIV vem sendo mantida sob controle após terapia com ciclos com e sem as drogas -- aumentou as esperanças de que intervalos regulares da terapia de HIV poderiam ensinar o sistema imunológico para controlar o HIV.

As descobertas do estudo, publicadas na edição de 24 de novembro da revista Science, são resultado do primeiro ensaio animal bem desenvolvido para sugerir que o avanço pode funcionar, destacou Lisziewicz.

"(A hipótese) não é mais uma anedota", disse a pesquisadora.

O estudo incluiu três grupos de macacos que foram infectados recentemente com SIV, o equivalente ao HIV em macacos. Um grupo recebeu uma terapia de combinação conhecida como terapia anti-retroviral e altamente ativa (Haart) todos os dias durante 21 semanas.

Outro grupo também recebeu essa terapia, mas alternada em ciclos de três semanas com e sem as drogas. Os outros macacos não receberam nenhuma medicação.

De acordo com o estudo, os níveis de HIV continuaram a aumentar nos animais que não receberam medicação, mas caíram a níveis não-detectáveis em todos os macacos sob Haart, nos grupos de terapia intermitente e continuada.

A queda a níveis não-detectáveis levou mais tempo em alguns macacos do grupo intermitente. No entanto, quando os pesquisadores interromperam a Haart após 21 semanas, os níveis de HIV começaram a aumentar em macacos que receberam a terapia continuada.

Já nos animais sob tratamento com intervalos, os níveis do vírus continuaram não-detectáveis. Na verdade, seis meses depois, o HIV ainda não era detectado nestes macacos.

Os pesquisadores destacaram ainda que o número de células do sistema imunológico chamadas células CD4 não diminuiu no grupo de tratamento intermitente como nos macacos que estavam sob tratamento contínuo.

É claro que o que funciona em macacos nem sempre funciona em humanos e muitas pessoas não começam o tratamento logo após serem infectadas com o HIV. Mas Lisziewicz disse que está otimista de que intervalos estruturados na Haart também podem ser eficazes em pessoas.

Atualmente, Lisziewicz e sua equipe estão conduzindo um estudo para verificar como a terapia intermitente controla o HIV em pessoas já infectadas com o vírus. Além disso, os cientistas estão desenvolvendo outro estudo para analisar se os intervalos na terapia podem diminuir os efeitos colaterais maléficos que, às vezes, as drogas causam, segundo a pesquisadora.

"Precisamos chegar a algo que permitirá que (pessoas com HIV) levem uma vida normal", disse Lisziewicz. "Esta é uma receita que é muito fácil de reproduzir", acrescentou a pesquisadora. Lisziewicz alertou ainda que as pessoas não devem parar de tomar as drogas anti-HIV sem o aconselhamento de um médico.

A pesquisadora espera que médicos dos EUA leiam o estudo e comecem a realizar ensaios clínicos para testar a Haart intermitente. Mesmo que se descubra que os pacientes não podem parar de tomar as drogas completamente, os intervalos estruturados podem melhorar sua qualidade de vida reduzindo os efeitos colaterais, assim como os custos, destacou Lisziewicz.

A pesquisadora afirmou que vê essa pesquisa como um "prelúdio" a vacinas terapêuticas que pessoas com HIV poderão tomar para ensinar seus sistemas imunológicos a combater o vírus.

Sinopse preparada por Reuters Health

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