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Programa Anti-Aids do Brasil é Apontado como Modelo

Por Shasta Darlington

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Quando a Aids surgiu no cenário da saúde mundial, na década de 80, o Brasil era uma dos países mais atingidos pela doença. Desde então, tem controlado a epidemia e se tornou um modelo na luta contra a Aids.

"A África da Sul estava em situação melhor do que o Brasil nos anos 80, mas, ao contrário do país africano, percebemos que tínhamos que agir", disse Paulo Teixeira, coordenador do programa de Aids do Ministério da Saúde, à Reuters.

Atualmente, cerca de 25 por cento dos adultos da África do Sul estão infectados com o HIV, comparados a cerca de 0,6 por cento no Brasil.

"Estabilizamos a Aids e agora esperamos que a taxa comece a cair", afirmou Teixeira, que preside o fórum de Aids na América Latina e Caribe, que está sendo realizado no Rio e vai até sábado.

Desde o início o Brasil desafiou a posição da Igreja Católica, contrária ao uso de preservativos, e lançou um programa de prevenção agressivo que tinha como alvo direto desde a comunidade gay até meninos de rua usuários de drogas ou o público geral no Carnaval.

Outdoors e propagandas de televisão pediam que brasileiros usassem preservativos.

Este ano, cerca de 10 milhões de camisinhas foram distribuídas no Carnaval e o governo disse que vai lançar um plano para fornecer agulhas gratuitamente.

PROGRAMA DE DROGAS GRATUITAS "O Brasil tem um dos melhores programas de Aids do mundo", disse o diretor-executivo do Unaids (Programa das Nações Unidas para Aids), Peter Piot, à Reuters.

"Eles tiveram uma resposta precoce e os recursos foram empregados onde o problema estava presente", acrescentou Piot.

A principal razão do sucesso do Brasil é um programa de distribuição de drogas mais do que controverso que colocou o país contra grandes laboratórios.

Em 1994, o governo fez um apelo a empresas brasileiras para que passassem a produzir drogas anti-Aids. Atualmente, o país produz oito das 12 drogas anti-retrovirais usadas no chamado coquetel anti-Aids. Os preços destas drogas foram reduzidos em mais de 70 por cento.

"Agora, precisamos dar início à produção de outras (drogas), mesmo que isso signifique quebrar leis de patente", afirmou Teixeira. "Vamos tentar e negociar, mas, caso isso não funcione, o governo vai quebrar as leis", acrescentou Teixeira.

Um tratamento-padrão custa hoje cerca de 4.500 dólares ao ano no Brasil, comparado a cerca de 12.000 dólares nos Estados Unidos.

No Brasil, o governo fornece as drogas gratuitamente. Em 2000, o país está gastando 510 milhões de dólares em programas de Aids e a maior parte destes recursos será empregada em tratamento.

O Brasil foi escolhido para sediar o 1o. Fórum de Aids na América Latina e Caribe esta semana e está liderando a união de esforços para comprar drogas anti-Aids em grandes quantidades para a região e forçar a queda de preços.

"Um movimento para democratizar a medicina em escala global é necessário", disse o ministro da Saúde, José Serra, durante a sessão de abertura do fórum.

O Brasil, no entanto, ainda enfrente novos desafios. A disseminação da Aids caiu entre gays e usuários de drogas, mas os últimos números do governo mostram que donas de casa de pequenas cidades são as últimas vítimas.

Em dezembro, o governo irá lançar uma campanha que pretende atingir os maridos adúlteros.

"Vamos usar outdoors e revistas para falar a eles que sejam responsáveis, usem preservativos, em vez de levar a infecção para dentro de casa", disse Teixeira.

Sinopse preparada por Reuters Health

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