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Apenas 10% dos Infectados por HIV Têm Acesso a Droga Anti-Aids

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Para 34 milhões de pessoas que vivem com HIV/Aids em todo o mundo, obter o tratamento anti-retroviral pode significar um ganho médio de oito anos de vida. Entretanto, estima-se que apenas 10 por cento da população infectada tem acesso às drogas.

Os números foram divulgados por representantes do Programa das Nações Unidas para Aids (Unaids) durante o Fórum 2000, conferência que discute as perspectivas de tratamento e prevenção da Aids na América Latina e Caribe, no Rio de Janeiro. Na região, a população de infectados chega a 1,7 milhão de pessoas e estima-se uma média de 25 infecções por hora.

Além do alto preço, a disparidade dos valores praticados pelos laboratórios nos diversos países foi uma das principais causas do déficit, apontadas por Pedro Chequer, coordenador para América Latina e Caribe do Unaids.

"Não tem explicação lógica. Às vezes é o mesmo produtor e a diferença no preço chega a 300 por cento", disse Chequer.

Para o representante da Organização das Nações Unidas (ONU), o acesso universal e o controle de qualidade dos medicamentos devem ser prioridade nas estratégias de combate à doença e os governos nacionais precisam encontrar alternativas para reduzir o custo dos anti-retrovirais.

Chequer apontou a formação de fundos para compra conjunta de medicamentos e a estratégia brasileira de produção como exemplo para baratear as drogas.

O Brasil é o único país da América Latina que dispõe de produção estatal de anti-retrovirais. A Far-Manguinhos, ligada à Fundação Oswaldo Cruz, já distribui sete tipos de medicamentos e espera o registro do oitavo.

Conforme o ministro da Saúde, José Serra, a produção nacional já representa 47 por cento da demanda interna e uma economia de 35 milhões de dólares desde o início da produção em 1996.

Segundo o Unaids, os medicamentos são distribuídos a 90 mil das 540 mil pessoas que vivem com HIV/Aids no Brasil e se enquadram nos parâmetros de carga viral e contagem de CD4 (células do sistema imune), fixados por técnicos do Ministério da Saúde.

Entretanto, 80 por cento do orçamento de 800 milhões de dólares destinados aos programas de medicamento pelo governo brasileiro ainda são gastos na importação dos anti-retrovirais Efavirenz e Neofinavir que têm patente estrangeira registrada no Brasil.

"Há uma grande diferença entre a produção privada e estatal. Com controle estatal, a agilidade das políticas é maior", disse Chequer.

Sinopse preparada por Reuters Health

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