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Literatura expande o auto-conceito do leitor

27 de abril de 2011 (Bibliomed). A literatura traz conforto emocional sem oferecer relacionamentos reais ou conexão humana. Para compreender como os livros podem exercer esse efeito, as pesquisadoras Shira Gabriel e Ariana Young desenvolveram um estudo que sugere uma explicação.

De acordo com a pesquisa, ao ler um livro as pessoas se tornam psicologicamente parte da comunidade de personagens descritos na narrativa, o que satisfaz a necessidade humana de sentir-se parte de algo.

Em um experimento, as pesquisadoras recrutaram 140 estudantes universitários, entrevistando-os quanto à necessidade que eles tinham de se identificarem com grupos. Depois disso alguns deles leram passagens de um livro. Alguns participantes leram um trecho do livro Crepúsculo em que o personagem Edward descrevia como era a vida de um vampiro e outros leram um trecho do livro Harry Potter e a Pedra Filosofal em que os alunos da escola de bruxos eram selecionados em casas e Harry conhece o professor Severo Snape.

Para medir o grau de afiliação com os vampiros ou bruxos após a leitura, os participantes tiveram que categorizar palavras como “minhas” (eu, meu) e “de bruxos” (varinha, vassoura, poções) ou “de vampiros” (presas, sangue, mordida). Em outra parte do experimento, as pesquisadoras administraram uma escala de assimilação da narrativa dos dois livros que buscava verificar o quanto os participantes se identificavam com bruxos e vampiros. A escala trazia perguntas como “Você acha que você poderia fazer você mesmo desaparecer e reaparecer em outro lugar?” e “O quão afiados são os seus dentes?”. As pesquisadoras também administraram um questionário que investigou a satisfação de vida dos participantes e humor.

Os resultados mostraram que as pessoas que leram Harry Potter e a Pedra Filososfal “se tornaram” bruxos, assim como as pessoas que leram Crepúsculo “se tornaram” vampiros. O experimento mostrou também que as pessoas que se sentiam bem interagindo com grupos tsofreram os efeitos mais fortes de assimilação. Para os participantes, pertencer a essas comunidades irreais dos livros deu a eles a mesma satisfação que eles obteriam da interação com grupos reais.

Adriene Young afirma que “o estudo explica como esse fenômeno cotidiano – a leitura – funciona não somente para escape ou educação, mas como algo que preenche uma necessidade psicológica profunda. E nós não temos que matar bichos-papões ou sermos mordidos para sentirmos isso”.

A pesquisa foi publicada no periódico Psychological Science.

Fonte: Association for Psychological Science 22 de abril de 2011

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