Notícias de saúde
01 de dezembro de 2005 (Bibliomed).
A epidemia de AIDS no Brasil está perdendo força em três grupos
distintos: adultos jovens, usuários de drogas injetáveis e crianças abaixo de
cinco anos que foram infectadas pela chamada transmissão vertical (de mãe para
filho). Essas tendências, observadas ao longo dos últimos anos, são reveladas
pelo Boletim Epidemiológico AIDS DST 2005, que o Ministério da Saúde, por meio
do Programa Nacional de DST e AIDS, divulgou nesta quarta-feira (30/11).
De 1980 a junho de 2005, foram registrados 371.827 casos de AIDS no Brasil. De
um modo geral, a taxa de incidência da AIDS (casos da doença por 100 mil
habitantes) mantém-se estável porém em patamares elevados - 17,2 em 2004. A
razão entre homens e mulheres continua caindo e hoje está em 1,5 caso em homens
para 1 caso em mulher. No início da epidemia, a razão era de 16 casos em homens
para 1 em mulher.
Menores de cinco anos - No caso das crianças abaixo de cinco anos, em
ambos os sexos, observa-se uma queda constante no número de casos de AIDS a
partir de 1998. Naquele ano, foram registrados 943 casos da doença nessa faixa
etária. No ano passado, foram 703. A queda, apesar de pequena, é constante. Até
junho de 2005, o número de casos notificados nessa faixa etária foi de 221.
"Isso é reflexo das ações de prevenção e de controle da transmissão vertical do
HIV, que começaram a ser implementadas de forma mais efetiva a partir da segunda
metade da década passada. Entretanto, ainda temos muito a avançar para atingir a
meta que estabelecemos de reduzir a quase zero a transmissão vertical do HIV ate
2007", afirmou o ministro da Saúde, Saraiva Felipe.
Sexo - Nos homens ocorre redução das taxas de incidência nos indivíduos
entre 13 e 29 anos. Em números absolutos, o número de casos de AIDS nessa faixa
etária caiu de 5.028, em 1998, para 3.671, em 2004. No mesmo período, o número
de casos em indivíduos do sexo masculino com idades entre 40 e 59 anos aumentou
de 4.788 para 6.340. Entre as mulheres, observa-se um crescimento persistente da
epidemia em praticamente todas as faixas etárias, com exceção das menores de
cinco anos, que apresentam tendência de queda - 467 casos em 1998 e 338 em 2004.
Ocorreu redução bastante discreta nas mulheres de 13 a 24 anos. Nas outras
faixas etárias, é registrado aumento.
Exposição sexual - A exposição sexual continua a ser a mais importante
forma de transmissão do HIV. "Tanto em homens quanto em mulheres percebe-se o
aumento do número de casos na transmissão heterossexual e o declínio dos casos
devido o uso de drogas injetáveis", avalia Pedro Chequer, diretor do Programa
Nacional de DST/AIDS. Entre os indivíduos do sexo masculino, nota-se
estabilização com ligeira tendência de queda, na proporção de casos entre
homossexuais e bissexuais. A transmissão via sexual em mulheres continua
representando quase a totalidade dos casos em maiores de 13 anos, com o registro
de 94,8% dos casos neste segmento em 2004.
Raça/Cor - De acordo com os dados do Boletim de 2005, nos casos
notificados com a variável raça/cor houve queda proporcional entre as pessoas
que disseram ser da cor branca e aumento proporcional entre aquelas que se
auto-referiram como sendo pretos ou pardos, especialmente entre os pardos. Em
2003, os homens que disseram ser da cor branca responderam por 60,7% dos casos
registrados com a variável raça/cor. Naquele ano, as mulheres que se disseram de
cor branca responderam por 58,3%. Em 2004, o percentual entre os homens caiu
para 56,6% e entre as mulheres, para 52,8%.
Na população que se auto-referiu como preta ou parda observa-se o inverso. Em
2003, os homens que disseram ser pretos ou pardos responderam por 38,5% dos
casos registrados com a variável raça/cor. Nesse mesmo ano, as mulheres que se
disseram de cor preta ou parda responderam por 40,6%. Em 2005, com dados
notificados até junho, o percentual entre os homens subiu para 43,3% e entre as
mulheres, para 45,2%.
Uso de Drogas Injetáveis - Os dados do Boletim mostram que há redução
importante e persistente dos casos de AIDS nessa categoria de exposição. Em
homens e mulheres, o número de casos em 2004 é três vezes menor que em 1998.
Entre os indivíduos do sexo masculino, a redução é mais significativa. Há seis
anos, os casos entre os homens usuários de drogas injetáveis (UDI) correspondiam
a 20,8% do total de casos da doença no sexo masculino. No ano passado, os casos
em homens UDI passaram a representar apenas 11% do total de casos masculinos.
Panorama regional - Em linhas gerais, a epidemia avança em todo o país,
com exceção do Sudeste, que apresenta uma queda significativa de 15,6% na taxa
de incidência da AIDS entre 1998 e 2004. "O Sudeste tem uma epidemia mais
antiga, que já começa a dar sinais de estabilização", comenta Chequer. O Sul
também apresenta redução, porém discreta, de 1,3% no mesmo período.
A região Norte é a que mais preocupa: de 1998 a 2004, o crescimento foi de
94,7%. No Centro Oeste e no Nordeste, a epidemia também aumentou - 48,8% e 38,1,
respectivamente. Entre os dez estados nos quais a doença mais avançou, de 1998 a
2004, cinco tiveram crescimento superior a 100% - Maranhão, Pará, Acre, Piauí e
Roraima, que registrou o maior aumento (247%)
Mortalidade - De um modo geral, a mortalidade por AIDS mantém-se estável
em 6,4 óbitos por 100 mil habitantes desde 1999, caindo para 6,1 em 2004. No
entanto, os dados de mortalidade em 2004 ainda são preliminares.
Entre as mulheres, as mortes em decorrência da AIDS continuam crescendo. Nessa
população específica, a taxa de mortalidade mais alta da história foi registrada
em 1996 - 4,8 óbitos por 100 mil mulheres. Nos últimos anos, a queda foi
pequena: chegou a 3,6 em 1999 (o menor índice) e voltou a subir de forma
persistente, embora não muito intensamente, chegando a 3,9 em 2004. Ao
contrário, nos homens, a taxa de mortalidade vem mantendo a tendência de queda,
passando de 15,1 em 1996 (o maior índice) para 8,4 em 2004.
Metodologia - Os bancos de dados utilizados como fonte das informações
foram o Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), tanto para os casos
de AIDS como os de sífilis. Os dados foram transferidos das secretarias
estaduais de saúde para a Secretaria de Vigilância em Saúde até junho de 2005 e
repassados para o Programa Nacional de DST e AIDS pelo setor de produção do
Datasus.
Fonte: Agência Saúde.
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