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Tosse crônica pode ter diagnóstico mais rápido e barato

20 de Junho de 2003 (Bibliomed). A tosse pode esconder desde uma sinusite mal curada até uma tuberculose. Para um diagnóstico preciso, é preciso uma série de exames que pode custar até R$ 4 mil em uma clínica particular ou demorar de quatro a cinco meses para ser realizada no serviço público, segundo o pesquisador Marcos Ribeiro. Mas a dificuldade em realizar um diagnóstico rápido e preciso pode estar com os dias contados.

Em sua tese de doutorado defendida na Universidade Federal de São Paulo, Ribeiro revela que é possível apontar a causa da tosse crônica (aquela que dura mais de oito semanas) com raios-X do tórax e dos seios da face e um questionário detalhado. “É possível diminuir os custos e abreviar o tempo de diagnóstico, melhorando o tratamento”, garantiu.

O estudo foi realizado com 147 pacientes de ambos os sexos, com idades entre 18 e 90 anos. Todos tinham tosse crônica e foram atendidos no pronto-socorro da Unifesp entre 1999 e 2001. Primeiramente, eles fizeram os raios-X e responderam ao questionário de 120 perguntas, cujas perguntas estavam relacionadas aos remédios utilizados, a antecedentes de pneumonia, tuberculose e doenças cardíacas, a problemas estomacais e ao chiado no peito. Com isso, o pesquisador identificou a causa da tosse de 79 pacientes (53,7%).

Os 68 pacientes que continuavam sem diagnóstico receberam um diário detalhado, que foi preenchido durante 15 dias com informações como quanto tempo tossiu, se a tosse o atrapalhou, a que horas o problema começou e se havia acordado à noite para tossir. Quatro deles pararam de tossir. “Eles melhoraram sem medicamento, só por estarem sendo observados”, disse Ribeiro. Os outros 64 pacientes foram submetidos a uma espirometria (que mede a capacidade pulmonar), a dois testes de broncoprovocação e a um cutâneo (para detectar alergias).

Em seguida, o pesquisador criou dois grupos: 44 receberam por 15 dias um corticóide inalatório, utilizado para asma, e os outros 20 receberam placebo. Todos continuaram a preencher o diário. Dos 44 que tomaram o remédio, 36 (81,8%) melhoraram e oito (18,2%) não. Do grupo que recebeu placebo, três (15%) pararam de tossir – por causa do chamado efeito motivacional, o paciente melhora apenas com a atenção médica, a realização de exames e a prescrição de um “medicamento”.

Para os 25 pacientes que continuavam sem diagnóstico, Ribeiro receitou mais 15 dias de tratamento. Ao final do período, só quatro ainda tossiam. “Nesses quatro valeu a pena fazer a bateria completa de exames. Em outra situação, teríamos feito todos os testes nos 147”, disse. Dessa forma, o pesquisador conseguiu tratar 97,2% dos pacientes em, no máximo, dois meses. Diante dos resultados, o presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Carlos Alberto Pereira, acredita que as diretrizes da instituição, de 1997, para a investigação da tosse crônica sem causa aparente podem ser alteradas.

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