Notícias de saúde

Tratamento antitabagista deve considerar sexo do paciente

04 de Junho de 2003 (Bibliomed). Mulheres e homens têm comportamentos diferentes em relação ao cigarro, que devem ser levados em consideração pelo médico na prescrição do tratamento contra o fumo. Essa é a conclusão de um estudo realizado pelo Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que tinha como objetivo analisar a utilização do antidepressivo bupropiona (princípio ativo do Zyban) no tratamento antitabagista.

Esse foi o maior estudo da América Latina sobre o assunto, tanto no tempo de acompanhamento quanto no número de pessoas envolvidas, e comprovou que a substância é segura no tratamento do tabagismo, mesmo para fumantes resistentes e com doenças sistêmicas, como os cardíacos. A bupropiona foi bem tolerada pela maioria dos pacientes – 70% apresentaram algum tipo de efeito passageiro, como insônia, boca seca e constipação. No geral, o índice de sucesso no tratamento com a droga foi de 32% depois de um ano – 42% dos homens deixaram o cigarro nas primeiras semanas de tratamento, mas apenas 20% do total se mantiveram longe do vício ao final de um ano. No grupo das mulheres, esses índices foram de 62% e 32%. A psicóloga Glória Peres explica que é importante que haja tratamento da depressão em fumantes antes, durante e depois do tratamento antitabagista. “O enfoque no tratamento antitabagista deve ser multidisciplinar, com emprego de medicamentos, terapia de apoio e dieta alimentar”, defendeu.

Cem pacientes cardíacos – 60 homens e 40 mulheres – foram acompanhados entre 2000 e 2001. As mulheres fumantes apresentaram quase o dobro de ansiedade e depressão que os homens tabagistas: respectivamente 67% contra 38%. Após o período de abstinência, os homens superaram mais facilmente o vício, enquanto as mulheres descontaram a ausência do cigarro no excesso de alimentação, o que fez com que elas engordassem em média oito quilos após um ano sem cigarro. “Isso também não é desejável, porque aumenta os níveis de colesterol, hipertensão e diabetes, conhecidos fatores de risco para as doenças cardiovasculares”, ressaltou a coordenadora dos estudos, Jaqueline Scholz Issa, diretora do Ambulatório de Tabagismo do Incor.

Por outro lado, a associação entre cigarro e consumo de álcool foi mais alta entre os homens do que em mulheres. Cerca de 25% dos homens fumantes e 8,5% das mulheres fumam enquanto bebem. No grupo de pacientes que não conseguiram parar de fumar, foram registrados três óbitos, dois infartos e dois derrames cerebrais. Entre os ex-fumantes, não houve nenhuma complicação de saúde grave no período do estudo.

Copyright © 2003 Bibliomed, Inc.

Faça o seu comentário
Comentários