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Mortes mascaram incidência de câncer de próstata

23 de Maio de 2003 (Bibliomed). O número de portadores de câncer de próstata pode ser maior do que se imagina. O médico patologista e professor Carlos Alberto Fontes de Souza chegou a essa conclusão depois de analisar o material coletado em autópsias e descobrir que muitos homens morrem antes da doença manifestar-se. Os estudos resultaram na dissertação de mestrado “Carcinoma histológico da próstata em autópsias: freqüência, origem, extensão, graduação e nomenclatura”, defendida recentemente na Faculdade de Ciências Médica da Unicamp.

As análises foram feitas com base em amostras coletadas das autópsias realizadas na Unicamp durante o período de 1974 a 1980. O pesquisador estudou 150 próstatas de indivíduos com mais de 40 anos de idade, que haviam morrido com a doença e não por causa dela.

Das 150 amostras investigadas, 55 (36,6%) delas revelaram-se positivas, principalmente os que tinham mais de 60 anos. “Quer dizer, os indivíduos eram portadores de carcinoma de próstata e não sabiam, porque morreram antes, de outras doenças, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, pneumonias, trombolismo pulmonar e tantas outras”, disse. “Isso significa que o indivíduo morre com o carcinoma, mas não dos efeitos provocados diretamente pela doença. De 180 mil casos diagnosticados anualmente nos Estados Unidos, por exemplo, em 31 mil os pacientes morrem”, explicou.

Dos 55 carcinomas encontrados, após dividir a próstata por regiões anatômicas, observou-se que 56,36% estavam localizados em ambas as regiões (zonas de transição e periférica da glândula) e podiam ser pouco ou moderadamente extensos em sua maioria, e 25,45% quando restritos apenas à zona de transição e 18,18%, somente na zona periférica, eram de baixo grau e pouco extensos.

A próstata é uma glândula auxiliar do sistema genital com estreita relação anatômica com a bexiga e é responsável pelo fornecimento de nutrientes para os espermatozóides. Os sintomas da doença estão relacionados à obstrução urinária, podendo estar também associada à infecção urinária. Entre os mais freqüentes estão: a dificuldade de iniciar a micção, várias micções noturnas, perda da forma e do calibre do jato urinário, dor ao urinar, retenção da urina, dores na coluna, fêmur e bacia, sinais de sangue na urina (hematúria) e perda de peso.

É muito comum o surgimento da doença após os 60 anos, mas o urologista deve ser consultado rotineiramente a partir de 45 anos. Há estudos relacionando seu aparecimento com características raciais, genéticas e com doenças venéreas. Acredita-se que os efeitos ambientais também influenciam nos genes desse carcinoma, assim como os hábitos alimentares. O alto consumo de gordura animal, principalmente carne vermelha e laticínios, seria desfavorável. Por outro lado, alguns alimentos protegeriam o homem contra o desenvolvimento desses tumores, como os ácidos graxos do tipo ômega 3, presentes nos peixes de água fria; substâncias como o licopeno, encontrados no tomate e outras verduras; além de produtos que contenham a vitamina E, como milho, abacate e nozes.

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