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Pesquisadores da Unicamp dão passo importante para melhorar a compreensão e o tratamento de doenças hereditárias e tumores

04 de Abril de 2003 (Bibliomed). Pesquisadores do Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade de Campinas clonaram pela primeira vez quatro novos genes potencialmente responsáveis pela produção de proteínas em células de humanos. A experiência abre perspectivas promissoras para melhorar a compreensão e o tratamento de doenças hereditárias e de tumores. Hoje, as drogas convencionais já atuam sobre algumas proteínas, enzimas e membranas no combate e na cura de doenças. No futuro, a identificação de todas as proteínas humanas poderá viabilizar novas terapias e medicamentos ainda mais eficazes.

O estudo da Unicamp está de acordo com um desafio de cientistas de todo o mundo: o proteoma – estudo do conjunto das proteínas existentes em todas as células. Estima-se que o genoma humano contenha genes capazes de codificar de 80 mil e 100 mil proteínas. Saber em detalhes como elas atuam é o que realmente permitirá entender a biologia humana. “Os resultados proporcionados pelo projeto genoma só se justificam se conseguirmos identificar as proteínas produzidas pelos genes. Afinal, são essas minúsculas estruturas, codificadas pelo DNA e alteradas por múltiplas interações dentro das células, as responsáveis por todas as atividades biológicas do organismo”, explicou a hematologista Sara Teresinha Olalla Saad, que coordena os estudos na Unicamp.

O trabalho consiste na identificação da composição, estrutura e funções de novas proteínas encontradas na membrana envoltória (citoesqueleto) das células, a partir da clonagem e caracterização de genes potencialmente capazes de fabricá-las. As redes protéicas citoesqueléticas estão presentes em várias estruturas intracelulares e têm importância na reciclagem, tráfico e triagem de proteínas a serem exportadas do interior das células para diferentes órgãos do corpo. Os hormônios liberados pelas células endócrinas para diferentes tecidos são exemplos disso.

Sabe-se também que defeitos do citoesqueleto dos glóbulos vermelhos podem causar doenças hemolíticas, como as anemias hereditárias, entre as quais a talassemia, a esferocitose e a anemia falciforme. Entretanto, há outras funções igualmente importantes executadas por elas que ainda são desconhecidas. Suspeita-se, por exemplo, que, em outros tecidos, as proteínas do citoesqueleto conseguem inibir ou acelerar os processos cancerígenos que afetam o desenvolvimento e o correto funcionamento das células. Mas, antes de determinar essa e outras atividades é necessário definir a estrutura da proteína.

Entre as 900 mil seqüências de DNA armazenadas no banco de dados do projeto brasileiro Genoma do Câncer, financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a equipe de dez pesquisadores da Unicamp escolheram 24 que tinham alguma semelhança estrutural com as proteínas citoesqueléticas.

Depois, quatro das seqüências escolhidas foram utilizadas pelos cientistas para gerar cópias dos genes originais com o uso de ferramentas de bioinformática e técnicas de biologia molecular. Agora, o quarteto de genes passará por uma bateria de experimentos para a identificação da composição, estrutura e funções de suas proteínas, trabalho que deverá se prolongar pelos próximos quatro anos. Financiado pela Fapesp, o projeto está exigindo investimentos da ordem de US$ 300 mil.

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