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Praga do cacau está com os dias contados

03 de Outubro de 2002 (Bibliomed). O mapeamento genético do fungo Crinipellis perniciosa, causador da vassoura-de-bruxa, praga que tem provocado graves danos à plantação de cacau no Brasil, será concluído no próximo ano. O trabalho permitirá que os pontos fracos do microorganismo sejam atacados com eficiência e servirá de base para a compreensão de outras doenças de plantas. Ainda não existe qualquer método ou produto capaz de combater a moléstia.

Oito grupos de pesquisadores estão trabalhando nisso desde 2000. Há dez anos, os pesquisadores levavam cerca de um ano para realizar a seqüência de 50 mil "letrinhas" de um código genético. Hoje, essa mesma tarefa é executada em uma hora. Os pesquisadores quebram o DNA em pequenas partes, depois cada partícula é seqüenciada e armazenada em um banco de dados e essa informação é comparada com outros bancos de dados genéticos. Os técnicos já estão atacando, tanto em laboratório quanto no campo, uma proteína presente na vassoura-de-bruxa, que provavelmente é a causadora do apodrecimento do fruto e do pé de cacau.

Uma ação contra a praga tem sido identificar e clonar as plantas que se mostram naturalmente resistentes. Mas, como o fungo apresenta alta taxa de variabilidade, isso pode não ser eficiente a médio prazo. “A genômica é importante exatamente por isso. Ela nos permitirá saber, com segurança, como o fungo age. Conhecendo o seu funcionamento, nós teremos como inibi-lo. Sem a genômica, partiríamos para a tentativa e erro, sem qualquer certeza de que teríamos sucesso um dia”, explicou Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do programa Genoma Vassoura-de-bruxa. Coordenado pela Unicamp, o projeto tem o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Universidade Católica de Salvador (UCSAL). Os trabalhos deverão consumir cerca de R$ 2,5 milhões, financiados pelo governo do Estado da Bahia e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Prejuízo - Em 1987, a produção brasileira de cacau era de 400 mil toneladas/ano. A praga começou a atacar dois anos depois e, em uma década, o Brasil passou a produzir apenas 100 mil toneladas/ano. O preço do produto no mercado internacional também caiu, passando de US$ 4 mil a tonelada para US$ 650. No sul da Bahia, o faturamento do segmento, que era de US$ 1,5 bilhão ao ano, despencou para US$ 60 milhões. “O resultado disso tudo foi a geração de 300 mil desempregados e a favelização de toda a região”, resumiu Pereira. Estima-se que o setor mostre sinais de recuperação cinco anos após a eliminação do fungo.

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