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Vasectomia pode ser revertida com sucesso

Belo Horizonte, 22 de Março de 2002 (Bibliomed). A vasectomia é o procedimento de esterilização masculina, que consiste em interromper o trajeto por onde passam os espermatozóides dos testículos até o pênis, passando pelas glândulas responsáveis pela composição do esperma. É um procedimento cirúrgico simples, rápido e barato, que não interfere com a função sexual dos homens nem com a quantidade do esperma ejaculado. Ainda não adquiriu grande popularidade em nosso meio, provavelmente devido aos tabus que envolvem a sexualidade masculina, à pequena oferta do procedimento em serviços públicos de saúde e ao receio de que, se desejar, o homem não conseguiria reverter o processo e voltar a ser fértil.

Um novo estudo, porém, mostrou que homens submetidos à vasectomia há mais de 10 anos que tentaram reverter o procedimento tinham chance de mais de 40% de voltar à fertilidade natural. A taxa de sucesso foi ligeiramente maior do que a observada em casais nos quais o homem se submeteu a um procedimento de extração de esperma devido a algum tipo de bloqueio à liberação natural do mesmo.

Uma alternativa à reversão da vasectomia seria o procedimento utilizado em homens com uma condição chamada azoospermia obstrutiva. Homens com este problema apresentam quantidade normal de espermatozóides, mas estes não chegam ao esperma por um problema obstrutivo que impede a chegada dos mesmos até as glândulas produtoras de sêmen e daí à ejaculação. Para ser capaz de gerar um filho, estes homens devem se submeter a um procedimento de coleta dos espermatozóides ainda dentro dos testículos ou do epidídimo, de onde os espermatozóides são levados a procedimentos de fertilização in vitro. A taxa de gestação com este procedimento é de cerca de 40%, e a taxa de nascimento de uma criança é de cerca de 27%. Além disto, o procedimento é caro, e normalmente são feitas várias tentativas antes de se conseguir a gestação de uma criança.

Um estudo foi feito com o objetivo de se comparar as duas técnicas em homens vasectomizados – a reversão da vasectomia e a extração de espermatozóides – em termos de taxa de sucesso. No estudo, 173 homens realizaram o procedimento de reversão, e a taxa de gestação em suas parceiras foi de 43% e de nascimento de uma criança foi de 36%. Em um estudo anterior de homens submetidos à extração de espermatozóides e fertilização in vitro, a taxa de gestação foi de 40% e de nascimento foi de 27%, segundo os resultados.

O fator que mais influenciou a taxa de sucesso foi a idade da parceira. Em casais onde a parceira tinha menos de 30 anos de idade, a taxa de concepção foi de 64%. A taxa caiu para 28% em casais onde a mulher tinha mais de 40 anos. Em contraste, a idade do homem não influenciou significativamente a chance de conceber um filho.

Porém, o tempo entre a realização da vasectomia e sua reversão afetou a chance de conceber uma criança. Quanto menor o tempo, maior a chance: homens que permaneceram vasectomizados por 15 a 19 anos apresentaram chance de sucesso na reversão de 49%, enquanto aqueles que permaneceram vasectomizados por 20 a 25 anos foi de apenas 33%.

Apesar dos tabus que ainda envolvem a vasectomia em nosso meio, este procedimento na verdade é mais passível de reversão do que a esterilização feminina, já que as taxas de sucesso de reversão no procedimento de laqueadura (esterilização feminina) ficam em torno de 10%. Maior difusão de informações a respeito deste método contraceptivo provavelmente levarão a uma maior aceitação do procedimento, que propicia contracepção confiável, sem grandes riscos ou custos – o procedimento é realizado com anestesia local sem necessidade de internação – e, ainda, pode ser revertido com razoável taxa de sucesso.

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