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07 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Especialistas em Aids, admitindo que as drogas atuais não podem curar a infecção por HIV e podem causar efeitos colaterais graves, divulgaram nos EUA novas diretrizes aconselhando os médicos a esperar um pouco antes de tratar os pacientes.
Os especialistas vêm abandonando a idéia de atingir o vírus precoce e intensamente -- a menos que tenham sido infectados há poucos dias -- e têm dito que é melhor esperar até que a infecção atinja um determinado ponto.
"Mesmo que a terapia anti-retroviral tenha oferecido benefícios extraordinários a muitos pacientes, sabemos que não podemos erradicar a infecção por HIV com os medicamentos disponíveis", declarou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alergia dos EUA.
"Também reconhecemos que toxicidades graves estão associadas ao uso prolongado de anti-retrovirais", explicou o diretor.
No mês passado, Fauci disse que a equipe que fez as recomendações planejava ser um pouco mais conservadora. "Agora, estamos dizendo que você poderia começar o tratamento com uma contagem de CD4 um pouco menor e uma carga viral um pouco mais alta", disse o especialista fazendo referência às condições do sistema imunológico e a quantidade de vírus no sangue.
As novas diretrizes divulgadas na segunda-feira estão disponíveis no site http://www.hivatis.org
Os coquetéis algumas vezes são formados por três, quatro, cinco ou mais drogas e podem controlar a doença. Mas os médicos admitem que ainda é difícil decidir qual droga usar primeiro e que combinação é melhor.
"As novas diretrizes reconhecem que ainda não temos os dados necessários para fazer recomendações definitivas sobre o melhor momento para começar o tratamento", disse John Bartlett, chefe do departamento de doenças infecciosas da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.
O documento, divulgado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos e pela Fundação Henry J. Kaiser Family, enumera algumas drogas recomendadas. Uma delas é o Kaletra, inibidor de protease recentemente aprovado, que combina o ritonavir (aprovado em 1996) e lopinavir.
A outra nova possibilidade é a combinação de ritonavir e indinavir. Esta opção tem a vantagem de habilitar o ritonavir a estimular os níveis de outros inibidores de protease, criando uma potente combinação anti-HIV.
O Kaletra é produzido pelo Abbot Laboratories Inc. e o indinavir é fabricado pela Merck and Corp. sob o nome comercial de Crixivan.
As novas diretrizes atualizaram a seção sobre efeitos colaterais.
"É particularmente alarmante a alteração do metabolismo de gordura que pode surgir durante o tratamento. Estamos verificando um número crescente de pacientes com níveis perigosamente altos de colesterol e triglicérides", disse Fauci ao afirmar que este risco é uma razão para retardar o início do tratamento até que seja realmente necessário.
Para Benjamim Young, especialista em Aids do Rose Medical Center e da Universidade do Colorado, é importante não afastar os pacientes do uso das drogas.
"O fato das recomendações terem atingido assuntos relacionados à toxicidade prolongada é aceitar que estamos lidando com sobrevivência de longo prazo e abençoados pelo fato de que há muitas drogas anti-retrovirais para escolher", disse Young em entrevista.
"Digo para os meus pacientes, 'você é um homem de 40 anos e eu prefiro que você morra aos 65 por ataque cardíaco que aos 45 por Aids", disse Young.
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