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Exposição ao estrogênio ao longo da vida poderia alterar o risco de um AVC?

08 de março de 2023 (Bibliomed). Pessoas com maior exposição cumulativa ao estrogênio ao longo da vida podem ter um risco menor de acidente vascular cerebral (AVC), de acordo com um novo estudo publicado na edição online de 1º de fevereiro de 2023 da revista Neurology. O estudo envolveu 122.939 participantes do sexo feminino na pós-menopausa com idade média de 58 anos vivendo na China, e que não haviam tido um AVC no início do estudo.

Um acidente vascular cerebral isquêmico é causado por um bloqueio do fluxo sanguíneo para o cérebro e é o tipo mais comum de acidente vascular cerebral. Uma hemorragia intracerebral é causada por sangramento no cérebro.

As participantes responderam a perguntas sobre fatores pessoais, como idade, sexo e ocupação, bem como fatores de estilo de vida, como tabagismo, uso de álcool, exercícios e histórico médico. Elas também responderam a perguntas sobre informações sobre saúde reprodutiva, incluindo idade da primeira menstruação e início da menopausa, número de gestações e abortos espontâneos e uso de anticoncepcionais orais.

As participantes foram divididas em quatro grupos determinados por sua vida reprodutiva, o número de anos desde a primeira menstruação até a menopausa. As participantes do grupo com menor tempo de vida reprodutiva tiveram até 31 anos reprodutivos (grupo mais curto). As participantes do grupo com maior expectativa de vida reprodutiva tiveram 36 anos reprodutivos ou mais (grupo mais longo)

Os pesquisadores analisaram os dados do seguro de saúde e do registro de doenças para determinar quais participantes tiveram um derrame. Durante um período médio de acompanhamento de nove anos, 15.139 pacientes tiveram um AVC. Desses, 12.853 tiveram AVC isquêmico, 2.580 tiveram hemorragia intracerebral e 269 tiveram hemorragia subaracnóidea.

Como porcentagem, as participantes do grupo mais longo tiveram um pouco mais de AVCs do que os do grupo mais curto (13,2% em comparação com 12,6%). Mas quando os pesquisadores ajustaram outros fatores que poderiam afetar o risco de AVC, como idade, tabagismo, atividade física e hipetensão arterial, descobriram que os participantes do grupo mais longo tinham um risco 5% menor de todos os tipos de AVC.

Ao analisar diferentes tipos de AVC, participantes do sexo feminino com o maior tempo de vida reprodutiva tiveram um risco 5% menor de acidente vascular cerebral isquêmico e um risco 13% menor de hemorragia intracerebral quando comparadas às mulheres com o menor tempo de vida reprodutiva.

O estudo sugere que níveis mais altos de estrogênio devido a vários fatores reprodutivos, incluindo uma vida reprodutiva mais longa e uso de terapia hormonal ou contraceptivos, estão associados a um menor risco de acidente vascular cerebral isquêmico e hemorragia intracerebral, segundo os autores. A exposição ao estrogênio ao longo da vida pode ser um indicador útil do risco de uma pessoa ter diferentes tipos de AVC após a menopausa. No entanto, são necessárias mais pesquisas sobre os fatores biológicos, comportamentais e sociais que podem contribuir para a ligação entre a exposição ao estrogênio e o risco de AVC ao longo da vida de uma mulher.

Fonte: Neurology (2023). DOI: 10.1212/WNL.0000000000206863.