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Hidroxicloroquina não funciona na profilaxia da Covid-19, diz estudo

05 de junho de 2020 (Bibliomed). A doença do coronavírus 2019 (Covid-19) ocorre após a exposição ao coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). Para as pessoas expostas, o padrão de atendimento é a observação e quarentena. E persiste a controvérsia: qual a real utilidade da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento e prevenção da COVID-19?

Para avaliar se a hidroxicloroquina poderia prevenir a infecção sintomática após a exposição à SARS-CoV-2, foi realizado um novo estudo randomizado (aleatorizado), prospectivo, duplo-cego e controlado por placebo nos Estados Unidos e em partes do Canadá testando a hidroxicloroquina como profilaxia pós-exposição. Este é o melhor tipo de estudo para realizar comprovação científica da ação de um medicamento.

Foram recrutados adultos que tiveram exposição domiciliar ou ocupacional a alguém com Covid-19 confirmado a uma distância inferior a 1,80 metros por mais de 10 minutos, sem usar máscara facial nem protetor ocular (considerada exposição de alto risco), ou então com rosto coberto por máscara, mas sem proteção ocular (considerada exposição de risco moderado). Dentro de 4 dias após a exposição, os participantes foram designados aleatoriamente para receber placebo ou hidroxicloroquina (800mg uma vez, seguidos por 600mg em 6 a 8 horas, depois 600mg diariamente por mais 4 dias). O desfecho primário foi a incidência de Covid-19 confirmada em laboratório ou doença compatível com Covid-19 em até 14 dias.

Foram inscritos 821 participantes assintomáticos. No geral, 87,6% dos participantes (719 de 821) relataram uma exposição de alto risco a um contato confirmado com o Covid-19. Nos resultados, verificou-se que a incidência de nova doença compatível com Covid-19 não diferiu significativamente entre os participantes que receberam hidroxicloroquina (49 de 414 [11,8%]) e entre os que receberam placebo (58 de 407 [14,3%]); a diferença absoluta foi de -2,4 pontos percentuais, diferença esta que não foi estatisticamente significativa. Os efeitos colaterais foram mais comuns com a hidroxicloroquina do que com o placebo (40,1% vs. 16,8%), mas nenhuma reação adversa grave foi relatada.

O estudo concluiu que após exposição de risco alto ou moderado à Covid-19, a hidroxicloroquina não impediu a doença compatível com o Covid-19 ou confirmou a infecção quando usada como profilaxia pós-exposição dentro de 4 dias após a exposição (número de registro em ClinicalTrials.gov, NCT04308668).

O estudo foi publicado na revista The New England Journal of Medicine em 03 de junho de 2020, e o link para o estudo está disponível AQUI.

Fonte: NEJM. June 3, 2020. DOI: 10.1056/NEJMoa2016638.

Copyright © 2020 Bibliomed, Inc.

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