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Cloroquina/Hidroxicloroquina não devem ser usadas na COVID-19, diz American College of Physicians

17 de maio de 2020 (Bibliomed). A Cloroquina e a Hidroxicloroquina estão no centro de uma discussão política, que acabou, no Brasil, por levar à demissão de dois ministros da Saúde no prazo de 30 dias. Mais e mais evidências têm sido publicadas em revistas médicas sérias, alertando para o uso destas substâncias no cenário da COVID-19.

Em um artigo especial do American College of Physicians (ACP), publicado on-line em 13 de maio na importante revista médica Annals of Internal Medicine, são apresentadas orientações para orientar (ou não) o uso de cloroquina/hidroxicloroquina na COVID-19. Os autores sintetizaram os resultados das melhores evidências disponíveis para fundamentar decisões no ponto de atendimento relacionadas ao uso desses medicamentos na profilaxia ou tratamento de COVID-19.

No artigo, buscou-se responder a duas perguntas fundamentais:

1. Os médicos devem usar cloroquina ou hidroxicloroquina isoladamente ou em combinação com azitromicina para profilaxia contra a COVID-19?

2. Os médicos devem usar cloroquina ou hidroxicloroquina isoladamente ou em combinação com azitromicina para tratamento da COVID-19?

Esses pontos de prática baseiam-se em uma revisão sistemática de evidências atualizadas, conduzida pelo Health Outcomes, Policy, and Evidence Synthesis Group da Universidade de Connecticut. O texto preparado foi aprovado pelo Conselho de Regentes do American College of Physicians em 4 de maio de 2020.

Em suas conclusões, os autores observam que não foi observada a eficácia da cloroquina ou hidroxicloroquina isoladamente ou em combinação com azitromicina para a prevenção de COVID-19 após infecção por coronavírus 2 causador da síndrome respiratória aguda grave, ou ainda, para o tratamento de COVID-19; além disso, existem danos conhecidos causados por esses medicamentos. Os danos conhecidos da cloroquina em pacientes sem COVID-19 incluem (mas não se limitam a): cardiovasculares (cardiomiopatia, alterações no ECG), no sangue (anemia aplástica, trombocitopenia), no sistema nervoso (convulsões, psicose, distúrbios extrapiramidais, degeneração macular oftálmica).

Em suas conclusões, os autores advertem que na população em geral, a cloroquina ou a hidroxicloroquina isoladamente ou em combinação com azitromicina não são recomendadas como profilaxia contra COVID-19 devido a danos conhecidos, e, principalmente, sem evidência de benefícios. Ainda, para pacientes com COVID-19, a cloroquina ou a hidroxicloroquina usadas tanto isoladamente ou em combinação com a azitromicina não deveriam ser usadas como tratamento.

Em situações em que se tomem decisões compartilhadas e informadas com pacientes e suas famílias, os pacientes hospitalizados com COVID-19 podem ser tratados com cloroquina ou hidroxicloroquina (isoladamente ou em combinação com azitromicina) NO CONTEXTO DE UM ESTUDO CLÍNICO, levando-se em consideração os efeitos colaterais conhecidos e os benefícios incertos.

O texto completo do artigo científico está disponível AQUI.

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Fonte: Annals of Internal Medicine. DOI: 10.7326/M20-1998.

Copyright © 2020 Bibliomed, Inc.

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