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Por Todd Zwillich
WASHINGTON (Reuters Health) - Há anos, os cientistas da Nasa estão tentando desenvolver melhores terapias para as pessoas na Terra usando os ambientes espaciais de gravidade zero. Agora, com o programa da Estação Espacial Internacional avançando e diante da perspectiva de uma missão a Marte, a agência espacial norte-americana inverteu suas prioridades e tenta desenvolver na Terra tratamentos médicos que possam ser úteis para astronautas vivendo no espaço.
O maior desafio é elaborar estudos capazes de verificar se medicamentos e terapias funcionam em gravidade zero. Os testes clínicos tradicionais -- com grandes amostragens populacionais e grupos de controle para comprovação de eficácia -- não serão possíveis, por causa do pequeno número de astronautas escalados para as missões já agendadas.
"O máximo que poderemos ter (da Estação Espacial Internacional) serão dados obtidos a partir de cem astronautas num prazo de dez anos", disse Alan H. Feiveson, estatístico do Centro Espacial Johnson da Nasa, em Houston (Texas). "Não é possível ter um grupo de controle, pois jamais enviaremos um astronauta doente ao espaço sem tratá-lo", disse em entrevista à Reuters Health.
Vôos espaciais prolongados podem fazer com que os astronautas sofram de problemas como perda de massa óssea -- por causa da falta de exercícios com pesos -- com potencial de causar fraturas.
A falta de gravidade também pode diminuir a força das contrações do músculo cardíaco, causando desmaios nos astronautas que voltam à Terra.
Nada disso seria preocupante no confortável ambiente terrestre, mas esses problemas podem ser desastrosos para astronautas que precisarão estar em sua melhor forma para trabalhar em Marte, depois de meses de viagem no espaço.
Para Feiveson, as missões dos ônibus espaciais são curtas demais para fornecer dados de qualidade sobre a maioria dos problemas médicos.
Os cientistas têm alguma experiência com cerca de 30 astronautas e cosmonautas que viveram na estação espacial Mir, esses dados não resultado de um trabalho planejado e padronizado, que possa ser usado pelos pesquisadores, disse Feiveson.
A Nasa espera coletar dados sobre longa permanência em gravidade zero para aplicá-los em futuras missões a Marte. Para planejar melhor esse trabalho, a agência pediu ajuda ao Institute of Medicine (IOM), organização de pesquisa sem fins lucrativos com sede em Washington e criada pelo Congresso Americano.
O IOM tem desenvolvido formas de realizar pequenas experiências e está ajudando cientistas a melhorar as pesquisas realizadas na Terra.
Uma solução possível é comparar duplas de astronautas em vez de avaliar grupos de pessoas com ou sem tratamento. Segundo uma equipe do IOM, com um número suficiente de duplas, é possível ter uma boa idéia sobre a eficácia de um tratamento.
Este tipo de informação jamais seria suficiente para que a Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana para controle de remédios e alimentos, liberasse um medicamento, mas seria útil para cientistas que querem apenas fazer com que ossos e corações de astronautas funcionem direitinho.
"Queremos ver se conseguimos fazer com que esses diferentes sistemas fisiológicos funcionem com perfeição, mas nosso objetivo não é provar que um novo tratamento é melhor que o não-tratamento, disse Feiveson à Reuters Health durante uma conferência do IOM sobre planejamento de pequenos estudos.
Resolver problemas com os estudos de saúde no espaço pode ter aplicações na Terra, disse o presidente da IOM, Kenneth I. Shine. Qualquer pesquisa boa o bastante para ajudar astronautas que vão a Marte, pode ser útil também para grupos que trabalham em estações de pesquisa isoladas na Antártica ou no alto das montanhas do Himalaia, observou Shine.
Sinopse preparada por Reuters Health
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