Folhetos de saúde

Espondilite anquilosante

© Equipe Editorial Bibliomed

O que é a espondilite anquilosante?

Trata-se de uma doença caracterizada pela inflamação das articulações (juntas) do esqueleto axial (coluna vertebral). A espondilite anquilosante faz parte do grupo das espondiloartropatias.

A doença é considerada o distúrbio inflamatório mais comum do esqueleto axial. Na sua evolução natural nota-se progressivo acometimento das articulações sacroilíacas (juntas dos ossos da bacia) e vertebrais, com ocasional ossificação nessas juntas e ao seu redor, processo denominado anquilose óssea.

A espondilite anquilosante também pode acometer as juntas dos ossos das extremidades, principalmente do quadril. As articulações periféricas dos membros inferiores também são ocasionalmente afetadas.

A doença inicia-se comumente na idade adulta jovem, sendo raro observar-se o início das manifestações clínicas antes dos trinta anos de idade. Há uma forma juvenil de espondilite anquilosante, a qual pode se iniciar tão precocemente quanto com dez anos de idade.

Estudos populacionais demonstram que a doença afeta cerca de 0,02% a 0,23% dos indivíduos. É mais observada no sexo masculino do que no sexo feminino, numa relação estimada em 2,5 a 5 para 1. Talvez isso seja devido ao fato da espondilite anquilosante nas mulheres ser de difícil diagnóstico, uma vez que as manifestações clínicas são mais discretas nestas, e praticamente inexistem manifestações extra-articulares.

Além disso, nas mulheres, a doença tende a apresentar início mais tardio, menor comprometimento do quadril, doença axial menos grave, inflamação preferencial das juntas periféricas, inflamação grave dos ossos pubianos e maior comprometimento das vértebras do pescoço.

Qual sua causa?

A exata causa da espondilite anquilosante ainda não foi definida. Diversos estudiosos consideram que há preponderância de fatores genéticos na origem da doença, o que explica a tendência familiar de ocorrência da espondilite anquilosante.

Existe um marcador genético presente nas células de defesa do sangue (glóbulos brancos), denominado HLA-B27, o qual está bastante associado com o desenvolvimento da espondilite anquilosante. Muitos estudos demonstraram a presença deste marcador em indivíduos portadores da doença, enquanto nos parentes livres da doença tal marcador está ausente.

Nos grupos populacionais onde o marcador HLA-B27 é pouco freqüente, também é rara a espondilite anquilosante.

Assim, apesar de sua real causa ainda ser obscura, a espondilite anquilosante é pautada pela presença de processo inflamatório das juntas, especialmente as vertebrais, podendo conduzir a deformidades e manifestações incapacitantes para os indivíduos doentes.

Qual o tratamento?

O tratamento da espondilite anquilosante é polimodal, ou seja, engloba diversas modalidades terapêuticas que podem ser usadas em associação nos doentes. Ainda não existe cura para a doença, porém quando tratada adequadamente é possível minimizar a ocorrência de deformidades e se obter um adequado controle da doença.

Os objetivos principais do tratamento são: auxiliar o doente a entender a doença; fornecer apoio psicológico; atenuar a dor; abolir a reação inflamatória; manter a função articular e prevenir deformidades; corrigir as deformidades existentes; melhorara a função articular; fortalecer os músculos eventualmente enfraquecidos; reabilitar o doente para as funções cotidianas.

A abordagem psicológica deve ser baseada em fatos concretos, como informar ao paciente que menos de um terço dos doentes desenvolverá a forma clássica da doença. Além disso, deve ser ressaltada a importância de adotar hábitos de boa postura e realizar atividade física diária.

Os medicamentos prescritos mais frequentemente são os antiinflamatórios não esteroidais. Tais medicamentos agem reduzindo a intensidade do processo inflamatório típico da espondilite anquilosante.

Os aparelhos ortopédicos costumam ser utilizados com o intuito de se prevenir o desenvolvimento de deformidades da coluna vertebral. Destaca-se o uso de coletes ortopédicos para tal fim.

O uso de colchão firme e plano, não deformável excessivamente, auxilia sobremaneira no sono do doente, inclusive com redução da dor e rigidez matinal típicas da doença.

As fraturas detectadas devem ser tratadas da maneira mais rápida possível, a fim de se prevenir deformidades após a consolidação óssea.

A fisioterapia é etapa essencial na prevenção de deformidades, bem como na melhora das funções articular e muscular comprometidas pela doença.

Lembre-se: somente seu médico poderá orientá-lo acerca da melhor abordagem desta condição.

Fontes:

Cush JJ, Lipsky PE. Espondiloartropatias. In: Goldman L, Bennet JC. CECIL Tratado de Medicina Interna. 21a ed, editora Guanabara Koogan S.A. RJ, 2001: 1670 – 1678.

Salter RB. Distúrbios inflamatórios de ossos e articulações. In: Salter RB. Distúrbios e Lesões do Sistema Musculoesquelético. 3a ed, editora MEDSI Ltda, RJ, 2001: 209 – 258.