“Atenção Plena” pode ajudar a melhorar a saúde mental, mas tem limites

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Comportamento

A técnica conhecida como Mindfulness, ou Atenção Plena, tem se popularizado como uma alternativa para melhorar a saúde mental. No entanto, novas pesquisas realizadas na Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, sugerem que ela pode não ajudar a todos igualmente.

Atenção Plena é uma prática que visa estar no momento presente da maneira mais consciente possível, estando atento a cada movimento, situação e até à respiração. No processo, deixa-se de lado as distrações, movimentos externos e sentimentos anteriores, para intencionalmente sentir, ouvir, viver plenamente a situação presente.

Os pesquisadores explicam que, embora possa ser melhor do que não fazer nada para melhorar a ansiedade, depressão ou diminuir o estresse, a prática não é uma panaceia e pode não ser melhor do que outras práticas destinadas a melhorar a saúde mental e o bem-estar, como exercícios.

Para chegar a essa conclusão, foram revisados dados de 136 estudos sobre treinamento de Atenção Plena para estresse, ansiedade, depressão e bem-estar geral que ocorreram em ambientes comunitários não médicos, como locais de trabalho, universidades, centros comunitários ou estúdios privados. Esses ensaios incluíram mais de 11.600 participantes, com idades entre 18 e 73 anos, de 29 países.

Atenção Plena reduziu ansiedade, depressão e estresse, e aumentou o bem-estar quando comparado a não fazer nada. Mas, em mais de um em cada 20 estudos na análise, a meditação da Atenção Plena não produziu nenhum benefício.

Os pesquisadores destacam que nem todos os programas de atenção plena são criados da mesma forma. As diferenças na forma como são ensinados, onde são ensinados, quem os ensina e a quem são direcionados, provavelmente desempenham um grande papel na sua utilidade. Existem também muitos tipos de práticas de atenção plena por aí.

Os programas voltados para pessoas estressadas ou com maior risco de ficarem estressadas, como profissionais de saúde, parecem ser os mais benéficos no estudo. Além do mais, os cursos de Atenção Plena que incluíram alguma atividade física como parte do programa foram mais úteis do que aqueles que não incluíram, disseram os pesquisadores.

Muitos aplicativos e cursos online oferecem treinamento de Atenção Plena, que ganharam força durante os lockdowns do COVID-19. Embora não incluídas no novo estudo, essas aulas e os benefícios que proporcionam provavelmente variam tanto quanto os programas de atenção plena em pessoa.

Os autores ressaltam que o estudo teve algumas limitações devido à baixa qualidade dos ensaios incluídos na análise. Muitos participantes pararam de frequentar cursos de Atenção Plena em alguns desses estudos e não foram questionados sobre o motivo ou rastreados. Por isso, eles destacam que mais pesquisas são necessárias para fornecer recomendações específicas sobre quem pode obter os maiores benefícios da Atenção Plena.

Fonte: PLOS Medicine. DOI: 10.1371/journal.pmed.1003481.

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