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Calvície

Equipe Editorial Bibliomed

Neste artigo:

- Conceito
- Causas
- Apresentação
- Diagnóstico
- Tratamento
- Considerações Finais

A calvície é, de longe, a causa mais comum de perda de pêlos. Por volta dos 50 anos, ela acomete aproximadamente 50% dos homens e de 20 a 53% das mulheres. Apesar de ser uma condição benigna, não causando conseqüências diretas sobre a saúde do indivíduo, ela afeta significativamente o bem-estar psicológico e social das pessoas.

O indivíduo acometido é, frequentemente, objeto de piadas e de apelidos maldosos, o que repercute na sua auto-estima e afeta sua qualidade de vida em todos os aspectos. Devemos ressaltar também que, na mulher, esse prejuízo psíquico pode ser ainda maior já que, nelas, o cabelo é componente importante de sua concepção de feminilidade.

Conceito

A calvície, ou alopecia androgenética, faz parte de um conjunto de doenças que levam à redução ou ausência de pêlos ou cabelos, em qualquer área que os tenha habitualmente.

A perda de cabelos consiste em um processo natural no nosso organismo. A vida média de um fio de cabelo é de 4,5 anos e, após sua queda, é reposto por um novo fio. Diariamente ocorre uma perda de aproximadamente 70 a 100 fios de cabelo. Na calvície, porém, essa reposição normal não ocorre. Dessa forma, a calvície não é um problema de queda de cabelos, e sim de reposição das perdas normais.

Causas

A calvície acomete principalmente os homens, mas pode acometer as mulheres em menor número. Entre os homens, os brancos apresentam um risco quatro vezes maior do que os negros de desenvolver esse problema.

Na maior parte dos casos, a causa da calvície está ligada a 2 fatores:

• Genético: indivíduos com familiares acometidos apresentam maiores chances de desenvolver a calvície.
• Hormonal: hormônios masculinos (testosterona) poderiam afetar diretamente as células responsáveis pelo crescimento do pêlo ou alterar o fornecimento de nutrientes para essas células.

A seborréia, que ocorre devido à ação de hormônios nas glândulas do couro cabeludo, parece não exercer papel causador da calvície, mas pode ser considerada um fator agravante.

Apresentação

O ritmo de evolução da calvície é extremamente variável, e parece ser determinado pela quantidade de testosterona circulante e do grau de predisposição genética. A forma e a extensão da perda dos pêlos também variam de um indivíduo para o outro.

Na calvície, ocorre uma miniaturização progressiva da base do pêlo, o que ocasiona um fio cada vez mais fino e mais curto. O resultado final é um folículo em miniatura e sem pêlo. Entretanto, o folículo permanece vivo, sugerindo a possibilidade de um novo crescimento.

A calvície apresenta-se de forma diferente nos homens e nas mulheres, a saber:

• Calvície de Padrão Masculino: a perda de cabelos inicia na linha de implantação dos fios, o que determina entradas laterais e/ou no ponto mais alto da cabeça. Essa linha de perda retrocede gradualmente, adquirindo o formato de uma letra "M". Essa perda vai se alastrando até o estabelecimento de um padrão em forma de ferradura, ao redor da cabeça. O ritmo de eliminação dos pêlos é variável e pode ser mais intenso quando o início da perda é mais precoce. Os fios eliminados são finos e descorados.

• Calvície de Padrão Feminino: a evolução é lenta, a rarefação dos pêlos é difusa e, excepcionalmente, ocorre a perda total dos cabelos. A linha de implantação dos fios é mantida. Nas mulheres, as alterações hormonais não são tão significativas. Em algumas mulheres, pode manifestar-se apenas após a menopausa.

Diagnóstico

Quando um indivíduo apresenta alteração no padrão de queda de cabelos ou de seu crescimento, é importante procurar um médico para que ele determine a causa dessa perda capilar.

O médico fará uma caracterização do quadro, que pode incluir o seguinte:

• Quando começaram as alterações
• Tipo de perda: afinamento? Quebradiços? Caem em chumaços?
• Localização da perda
• Medicações de uso recente, contínuo
• História pessoal e familiar
• Rotina de cuidado com os cabelos
Após isso, o médico realizará uma inspeção visual, para confirmar os dados da história e avaliar características dos pêlos, do couro cabeludo, e outras. A partir daí, podem ser solicitados, ou não, alguns exames laboratoriais que vão ajudar a estabelecer o diagnóstico e o tratamento.

Tratamento

São várias as alternativas terapêuticas para a abordagem da calvície, e o médico vai definir qual a mais adequada e as possíveis associações baseando-se em:

• Idade, estado geral de saúde e história médica
• Estágio da calvície
• Tolerância do paciente a determinados medicamentos, procedimentos, terapias
• Suas expectativas quanto à evolução da doença
• Opinião ou preferência, do médico e do paciente
Em primeiro lugar, deve-se corrigir qualquer alteração sistêmica que o paciente possa apresentar, como: alterações hormonais, hipertensão arterial, estresse emocional, entre outras. É importante também evitar o uso excessivo de produtos químicos, nos cabelos, como descolorantes, tinturas, etc.

O objetivo principal do tratamento é melhorar a cobertura capilar da cabeça e retardar o afinamento dos pêlos. A resposta ao tratamento medicamentoso vai depender de fatores constitucionais do paciente, do tempo de duração da calvície e de sua extensão. As opções terapêuticas são as seguintes:

• Minoxidil: usado como solução para aplicação tópica, é indicado pela Academia Americana de Dermatologia como primeira opção no tratamento de homens e mulheres. Deve ser aplicado 2 vezes por dia, e a avaliação da eficácia só deve ser feita após um ano de uso. A interrupção do tratamento leva à perda dos cabelos recuperados e, por isso, o uso deve ser contínuo. Nas mulheres, pode ocorrer melhor resposta quando fazem uso conjunto de hormônios (reposição hormonal ou através de anticoncepcionais) ou de espironolactona. Nos homens, o efeito é melhor nas áreas ricas em pêlos miniaturizados, e pode ser melhorado com o uso concomitante de tretinoína. O minoxidil não funciona em áreas completamente calvas. Os efeitos colaterais incluem: taquicardia (coração batendo rápido), inchaço, desmaios, azia, dor no peito.

• Finasterida: é um medicamento comumente usado para doenças da próstata. Ela inibe uma enzima que aumenta o nível de testosterona no couro cabeludo, reduzindo esse hormônio. Indicada principalmente em homens com idade entre 18 e 45 anos. Durante o uso, devem ser feitos exames de sangue periódicos para avaliar possíveis alterações prostáticas, especialmente em homens com idade acima de 45 anos. Parece que a finasterida, quando usada em conjunto com o minoxidil, potencializa os efeitos desse. É contra-indicado o seu uso por mulheres, especialmente aquelas em idade fértil, pelo risco de malformações fetais. Os efeitos adversos são: diminuição temporária da libido (instinto sexual), disfunção erétil e diminuição do volume de ejaculação.

• Espironolactona e Estrogênios: são medicamentos que podem alentecer a queda dos cabelos nas mulheres, mas não promovem o seu crescimento. Ainda estão sendo estudados no tratamento da calvície.

• Re-implante de Cabelo: as técnicas de execução melhoraram significativamente na última década. É indicado para pacientes nos quais a terapêutica medicamentosa é insuficiente. Os resultados estéticos obtidos têm sido satisfatórios. Os candidatos devem apresentar um crescimento saudável de cabelos na nuca e nos lados da cabeça, regiões que servirão como doadoras. Existem quatro técnicas de re-implante: transplante de cabelo, expansão de couro cabeludo, cirurgia com retalho e redução de couro cabeludo.

Considerações finais

É importante assinalar que deve-se ter muito cuidado com aqueles produtos que prometem soluções milagrosas. Antes de iniciar qualquer tratamento, procure um médico e esclareça suas dúvidas, especialmente quanto á eficácia de tais "tratamentos".

Muitos homens aceitam bem a calvície e continuam levando uma vida normal; entretanto, outros podem apresentar dificuldades em lidar com esse problema e, nesses casos, uma abordagem psicológica pode ser de grande ajuda em conjunto com o tratamento médico.

E lembre-se: quanto antes começar o tratamento, melhores serão os resultados. O médico pode ser procurado mesmo antes do início das alterações, sendo que quem tem casos na família pode consultar um dermatologista mesmo na juventude.

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