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Gêmeos: Não tão Idênticos

Neste Artigo:

- Os Gens e a Personalidade
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O delicado balanço que existe entre os gens e meio ambiente sempre intrigou os cientistas. Se bem que está claro que nosso patrimônio genético determina um número de traços físicos e certas tendências do nosso organismo, também é certo que o estilo de vida, a alimentação e até o contexto cultural podem ter uma importância equivalente nos caminhos da saúde.

Um artigo recente do New England Journal of Medicine (NEJM) trata de iluminar justamente este dilema. Uma equipe de investigadores suecos levou a cabo um estudo com gêmeos para determinar se o desenvolvimento de enfermidades malígnas vincula-se com os gens.

Paul Lichtenstein, do Departamento de Epidemiologia Médica do Instituto Karolinska, de Estocolmo, realizou um estudo com 44.788 pares de gêmeos correspondentes a registros suecos, dinamarqueses e filandeses com o fim de avaliar os riscos de sofrer de tumores em 28 lugares do corpo.

Em cada um dos registros analizaram-se as histórias clínicas de gêmeos nascidos entre 1886 e 1925, e entre 1926 e 1958. Mais da metade dos indivíduos incluídos no estudo havia sofrido ou sofria, pelo menos, de um tipo de câncer.

Cabe esclarecer que os gêmeos monozigóticos possuem idêntica informação genética, enquanto que os dizigóticos compartilham somente em torno de 50% da carga hereditária. Os investigadores concentraram-se no estudo dos gêmeos monozigóticos, que compartilham a totalidade da carga genética.

Mesmo os investigadores tendo encontrado que os gêmeos de pessoas afetadas pelos câncer de estômago, colo, pulmão, mama e próstata, tinham um maior risco de padecer da enfermidade, as conclusões indicam que os fatores genéticos representam uma mínima contribuição a suscetibilidade a um maior número de tipos de câncer. As pesquisas indicam que o ambiente possui o papel principal na produção do câncer, assinalam os pesquisadores.

"Os resultados indicam que, para quase todos os tipos de câncer, o gêmeo de uma pessoa com câncer corre somente o risco moderado de sofrer um câncer no mesmo lugar", assinala Lichtenstein, no NEJM.

"Concluímos que o maior fator determinante de câncer na população de gêmeos é o ambiente", afirma o investigador. Inclusive para todos os tipos de tumores que estatisticamente mostram evidências de um componente hereditário, a maior parte dos pares de gêmeos foram discordantes quanto a presença do câncer, indicando que o risco deste, inclusive em parentes próximos, é moderado.

Os Gens e a Personalidade

Os gêmeos monozigóticos também tem sido objeto de investigação com o fim de discernir a maior ou menor influência dos gens nas características da personalidade. Se bem que haja concordância em que o modelo de desenvolvimento de uma criança está determinado tanto pelos gens como pelas circunstâncias ambientais, subexistem algumas discrepâncias entre os investigadores.

Por tal motivo, se tem realizado estudos comparativos das semelhanças e diferenças entre gêmeos monozigóticos que crescem em ambientes diferentes, e gêmeos que têm crescido juntos.

A hipótese é que se os gens são os determinantes, os gêmeos que foram separados serão tão similares entre si como os que desenvolveram-se juntos. Entretanto, os estudos realizados não puderam resolver ainda esta discrepância. De fato, os ambientes em que desenvolveram-se os gêmeos que foram separados nem sempre são tão diferentes que possam estabelecer diferenças radicais entre eles.

Sabe-se que os gens determinam muitas das características físicas e da personalidade de um indivíduo, porém está claro que nem tudo está escrito nos gens. E os gêmeos são uma prova disto.

Copyright 2000 eHealth Latin America                20 de Setembro de 2000


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