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Radiologia e sua Função na Área Médica
Quando, em 1895, Wilhelm Conrad Roentgen descobriu uma energia eletromagnética capaz de
atravessar o corpo humano e ser captada por um filme foto-sensível, resolveu chamá-la de
raios "X" (ou seja, desconhecido). Desde então, nunca mais se mudou o seu nome
e podemos considerar iniciada a Radiologia Médica como especialidade. A partir da sua
descoberta, os raios têm sido um dos itens mais importantes no diagnóstico de
patologias; tanto que passados 105 anos, ainda é um dos principais exames de triagem
médica.
Segundo o médico, especialista em radiologia, Alexandre Paci Galvão, a importância da
radiologia se destaca diversificadamente nas várias especialidades, sendo o corpo humano
analisado de várias formas e em diferentes situações. Como exemplo, citamos o estudo do
sistema digestivo onde podemos estudar desde o movimento da deglutição até o
peristaltismo das alças intestinais em tempo real através da fluoroscopia (as imagens
radiológicas são captadas por um intensificador de imagens e visibilizadas em um
aparelho de televisão).
O estudo das radiografias nos auxilia no diagnóstico de uma gama variada de patologias.
Os exames simples como radiografias de tórax e seios da face na pneumologia,
radiografias de todo o sistema esquelético para a ortopedia, radiografias do abdome e
contrastadas dos seus órgãos internos, como rins, estômago, intestinos, etc, exames
estes aplicados na clínica médica, cirurgia e urologia. É preciso destacar ainda, os
estudos de vasos nas arteriografias para a cardiologia e cirurgia cardiovascular,
exemplifica o especialista.
Dr. Alexandre Paci comenta que os contrastes utilizados na radiologia são de dois tipos
básicos. Os que são à base de sulfato de bário, utilizados em exames do sistema
digestivo (esôfago, estômago, duodeno, intestino delgado e intestino grosso) e aqueles
à base de iodo, utilizados em exames do sistema urinário, neurológico e cardiovascular.
Os contrastes à base de bário não possuem efeitos colaterais e não trazem risco algum
ao paciente. Já o uso de contrastes iodados pode causar reações alérgicas de
intensidades variadas. Seu uso tem sido restrito a indicações bem definidas,
principalmente quando outros exames (como a ultra-sonografia e ressonância magnética)
não permitem estabelecer um diagnóstico definitivo, e tão somente após pesquisa de
antecedentes alérgicos pessoais e familiares. Cumpre-nos ressaltar o fato de que hoje os
contrastes iodados estão muito mais seguros, principalmente com o desenvolvimento dos
contrastes não iônicos, o que tem diminuído em muito as reações alérgicas. A
radiação ionizante emitida só está presente quando a radiografia está sendo
executada, ou seja, não há ambiente contaminado, nem material radioativo.
Aprimoramento
Durante muitos anos, explica o médico, a radiografia convencional se manteve única, até
o início da era computadorizada, quando surgiu a tomografia. Após anos de estudo
conseguiu-se que o tubo de raios X se mova ao redor do paciente em angulações variáveis
promovendo imagens seriadas em "cortes" sagitais. Em seguida, as imagens são
captadas em detetores ao invés de filmes, processadas e analisadas pelo computador. Com
isso produz-se uma radiografia digitalizada, infinitamente precisa e com visualização de
estruturas antes não detectadas pelas radiografias simples.
De acordo com o especialista, a partir daí, foi possível acompanharmos um importante
aprimoramento da técnica radiológica e uma significativa e progressiva melhora na
qualidade das imagens. Hoje, contamos com tomógrafos computadorizados de última
geração, helicoidais e de alta resolução, que nos possibilitam estudos bastante
detalhados do corpo humano, nunca antes imaginado. Como conseqüência, conseguimos,
também, reduzir o tempo na execução dos exames e a diminuição da necessidade do uso
de meios de contraste em determinados procedimentos. A tomografia computadorizada é,
ainda, um importante instrumento de estudo, destacando-se a capacidade de reconstrução
de imagens em terceira dimensão a qual permitem pormenores para procedimentos
cirúrgicos, estadiamento de tumores e uma infinidade de outras situações na medicina.
Em continuidade nos avanços dos estudos de imagem, a radiologia tem contado com uma
grande aliada: a ultra-sonografia. Seu uso médico foi pela primeira vez documentado em
1942, sendo que nos últimos trinta anos se conseguiu aprimoramento destacável das
imagens. O desenvolvimento da ultra-sonografia (ou ecografia) veio trazer uma
complementação fundamental no diagnóstico por imagens. Consiste na emissão de ondas
sonoras em uma freqüência superior àquela captada pelo ouvido humano, através de um
transdutor, que ao mesmo tempo emite e recebe o retorno destas ondas em diferentes
intensidades. Tais reflexões do som nos diversos órgãos e tecidos são processadas pelo
computador e transformadas em escalas de cinzas, sendo, então, visibilizadas em forma de
imagens em tempo real em uma tela de vídeo. Os aparelhos de ultra-som estão cada vez
mais modernos, com qualidade de imagens ainda melhores, possibilitando estudos antes não
permitidos pelos raios x devido ao seu efeito nocivo, como o estudo do feto. Certamente
foi na obstetrícia e na cardiologia que o ultra-som revolucionou o diagnóstico por
imagens. Ressaltamos, também, a possibilidade de métodos invasivos com sondas
intracavitárias para propedêutica diagnóstica, como biópsias (mamas, próstata,
fígado, etc.) e intervenções no feto ecoguiadas.
Adventos
Também na ultra-sonografia, o advento do estudo por Doppler, principalmente a cores, veio
trazer acréscimos importantes na análise de vasos e suas patologias, tornando-se de
fundamental auxílio na clínica e cirurgia cardiovascular.
O médico frisa ainda que a cintilografia como método de diagnóstico por imagens
(classificada como área da medicina nuclear), tem suma importância no estadiamento de
doenças e análise de funcionamento de vários órgãos: rins, pulmões, tireóide,
estadiamento de tumores, etc.
Outro recente método de obtenção de imagens é a ressonância magnética. Seu
princípio se baseia na exposição do corpo humano, ou partes dele, a uma carga
magnética, que altera o "spin" ("giro") dos átomos. Após a análise
das diferentes intensidades magnéticas o computador processa as imagens. Suas
indicações são de extremo significado na avaliação de tumores e no estudo de
músculos, tendões, ligamentos e parte moles diversas do corpo humano. Além disso, é de
extrema importância na análise do sistema nervoso central. Talvez sua única
inconveniência seja os artefatos, tendo em vista a demora no processamento das imagens.
Como vemos, há algum tempo o termo "radiologia" está sendo utilizado
inadequadamente, pois os métodos têm se diversificado, alguns deles não utilizando
radiação ionizante, mas ondas sonoras e magnéticas. "O termo imagenologia tem sido
o preferido pelos médicos que pertencem à área de diagnósticos por imagens",
comenta o Dr. Paci.
Por último, "devemos enfatizar que a Radiologia como especialidade médica jamais
será uma arma poderosa na medicina se não for precedida de um exame clínico minucioso e
sua indicação for bem definida. O exame radiológico deve sempre ser visto como exame
complementar, pois quem não sabe o que procura jamais entenderá o que encontrar",
finaliza o médico .
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