NEW YORK – Sentindo-se ansioso e deprimido? Bem, estas notícias não vão melhorar o seu humor. Pessoas – particularmente mulheres – que têm sentimentos de depressão e ansiedade estão sob risco mais alto de desenvolver pressão alta quando envelhecem, de acordo com um artigo na edição de março da revista Psychosomatic Medicine.

Em geral, sentir-se ansioso e deprimido aumenta o risco de pressão alta (ou hipertensão) em homens em 1.5 vezes, o risco em mulheres brancas em 1.7 vezes, e em mulheres negras o aumento é de 3.0 vezes, comparados com seus semelhantes não ansiosos e mais felizes.

Os resultados são de um estudo de 3.310 pessoas saudáveis de 25 a 64 anos que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde e Exame Nutricional em 1970 e foram acompanhados em quatro períodos ao longo de 22 anos.

Em 1992, os Drs. Bruce S. Jonas e James F. Lando do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA encontraram que cerca de 16% do grupo entrevistado relatou altos níveis de ansiedade e depressão, e 39% relataram níveis intermediários destes sentimentos.

Vinte e cinco por cento das mulheres negras experimentavam níveis altos de ansiedade e depressão, mais do que o dobro da percentagem dos homens brancos (12%). Os sentimentos das mulheres brancas estão na faixa intermediária entre estes com 18% delas relatando altos níveis de ansiedade e depressão.

Mais de 13% das mulheres brancas foram tratadas por hipertensão, variando de 17% daquelas com altos níveis de ansiedade e depressão a 11% daquelas com baixos níveis. Homens brancos mostraram um padrão similar, variando de 15% dentre aqueles com altos níveis de ansiedade e depressão para 11% entre aqueles com baixos níveis.

Contudo, 27% das mulheres negras foram tratadas por hipertensão, incluindo 37% das com altos níveis de ansiedade e depressão a cerca de 22% com baixos níveis.

Muitos outros fatores podem contribuir para o risco aumentado de pressão alta – incluindo idade, sexo, tabagismo, uso de álcool e ganho de peso – mas mesmo após a pesquisa levar em conta estes fatores, houve uma ligação entre a pressão alta e a ansiedade e depressão.

"Após controlarmos estes fatores, nós ainda encontramos um risco aumentado de pressão alta," disse Jonas em entrevista à Reuters Health. Ele acrescenta que ainda não está esclarecido porque as taxas de hipertensão são tão altas em afro-americanos, um achado já visto em outros estudos. Existem limitações ao estudo, observa Jonas. "Os sintomas de ansiedade e depressão são baseados em auto-respostas dos entrevistados, o que não é a mesma coisa de um diagnóstico médico," disse Jonas. "Nós não temos nenhum dado sobre o tratamento farmacológico da ansiedade e depressão."

De forma semelhante, os pesquisadores confiaram na verificação do índice de massa corporal (medida de altura e peso) dos indivíduos e medidas de pressão arterial dos últimos acompanhamentos. Ambas são limitações potenciais do estudo, explicam os pesquisadores.

Apesar de que são necessárias mais pesquisas, uma teoria é que pessoas deprimidas podem ser mais propensas a fumar ou a ter maus hábitos alimentares, o que poderia levar indiretamente à hipertensão, sugerem os autores.

"As pessoas não precisam ficar alarmadas, elas devem ficar alertas. Se elas se sentem com muita freqüência dominadas por seu nível de ansiedade e depressão, então elas devem considerar a possibilidade de mencionar este fato a seu médico e ver se é adequado realizar exames e/ou tratamento," disse Jonas. "Mesmo se você estiver no grupo mais afetado (de depressão e ansiedade) 80% deste grupo não desenvolve hipertensão. No grupo menos afetado, 90% não desenvolve hipertensão.

FONTE: Psychosomatic Medicine 2000;62:1-8.
Publicado em Bibliomed Saúde em 31/03/2000

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