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O álcool afeta o cérebro e prejudica a memória dos adolescentes

NEW YORK – Adolescentes que bebem de forma pesada apresentam maior dificuldade de se lembrar de informações recentes comparados com outros que não bebem, de acordo com um estudo.

Os resultados sugerem que adolescentes que bebem podem estar expondo seus cérebros aos efeitos tóxicos do álcool durante um período crítico de desenvolvimento cerebral.

"A maior diferença que encontramos entre adolescentes dependentes de álcool e adolescentes que não abusam da bebida foi em suas funções de memória," um dos autores do estudo, a Dra. Susan F. Tapert da Universidade da Califórnia em San Diego, declarou em uma notícia publicada. "Em sua maioria, os jovens dependentes de álcool apresentavam um desempenho pior ao recordar informações novas," ela acrescenta.

Tapert e colaboradores estudaram 33 adolescentes alcoólatras de 15 e 16 anos que estavam em programas de tratamento para abuso de álcool e drogas, e os compararam com 24 adolescentes da mesma idade que não tinham história de abuso de álcool. De acordo com o artigo na publicação Alcoholism: Clinical & Experimental Research, os adolescentes alcoólatras haviam bebido de forma muito pesada durante o início e a metade da adolescência.

Este é um período muito importante para o desenvolvimento cerebral, observou Tapert no artigo. "Algumas características cerebrais de desenvolvimento, como refinamento das conexões neurais, são completadas por volta dos 16 anos," ela comenta. "O desenvolvimento dos lobos frontais – partes do cérebro que são importantes no julgamento, planejamento e solução de problemas – continuam até cerca dos 16 anos."

Assim, o prejuízo no funcionamento mental causado pelo hábito de beber durante a adolescência poderia apresentar repercussões por toda a vida, explica Tapert. " Se estudantes bebem tão acentuadamente que isto afeta seu funcionamento cerebral, eles podem não ser capazes de ir muito longe nas suas oportunidades educacionais," ela disse. "Isto poderia significar prejuízo em suas escolhas futuras, chances de atingir uma universidade, e capacidade de conseguir uma boa profissão."

Como o cérebro do adolescente ainda está se desenvolvendo, existe esperança que seus cérebros possam se recuperar da exposição ao álcool, observou Mark S. Goldman, pesquisador e professor de psicologia da Universidade do Sul da Flórida. "Por outro lado, como seus cérebros ainda não estão totalmente desenvolvidos, eles podem ser mais vulneráveis e mostrar menos capacidade de recuperação do que a que poderia ser vista em cérebros adultos totalmente desenvolvidos," ele sugere em uma declaração. Será necessário mais pesquisas para elucidar se os efeitos do álcool sobre o cérebro dos adolescentes são reversíveis – uma pergunta que Goldman chamou de "enorme".

FONTE: Alcoholism: Clinical & Experimental Research February 2000.
Publicado em Bibliomed Saúde em 22/02/2000

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