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Medicamento antiinflamatório capaz de inibir certos tipos de canceres

Ao longo dos anos, centenas de medicamentos capazes de retardar o crescimento do câncer foram descobertos. Mas, ao mesmo tempo, até hoje não se descobriu qualquer tipo de droga que impeça a formação de tumores cancerosos.

Entretanto, cientistas do National Cancer Institute acabam de descobrir um medicamento que pode ser capaz de impedir a formação dos tumores: um medicamento semelhante à aspirina, conhecido como um inibidor seletivo cox-2, utilizado no tratamento das artrites que, acidentalmente, cientistas descobriram que são medicamentos também capazes de prevenir o câncer. A informação foi publicada no jornal americano The New York Times em sua edição de 18 de janeiro e divulgada no Brasil por alguns órgãos de comunicação.

Até agora, os únicos medicamentos conhecidos que inibiam a produção da cox-2 (entre eles a aspirina), uma enzima relacionada com os processos inflamatórios, tinham também um sério efeito colateral: o sangramento, principalmente no aparelho gastrointestinal. Mas novos inibidores cox-2 produzidos por laboratórios farmacêuticos são essencialmente incapazes de causar este tipo de problema.

Assim, o National Cancer Institute, trabalhando em conjunto com o laboratório farmacêutico Searle, está iniciando um grande estudo com milhares de americanos, para verificar se pessoas que tenham um risco aumentado de cânceres no colo, pele, esôfago ou bexiga podem proteger-se com o uso dos novos medicamentos. O laboratório Merck está iniciando um estudo semelhante com o seu medicamento inibidor da cox-2, para verificar se ele é capaz de prevenir o câncer de colo.

Em relação ao mecanismo de ação da droga, não se descobriu muito sentido na associação entre o bloqueio da enzima e a prevenção do câncer. Existem várias hipóteses diferentes para explicar esta associação, algumas inclusive que se contrapõe. Mas é sabido, através de estudos em animais por mais de duas décadas, que o bloqueio da enzima cox-2 possivelmente possa prevenir ocorrências do câncer.

A única maneira de se verificar se os inibidores da cox-2 são capazes de prevenir o câncer em seres humanos é avaliá-los em grandes estudos nos quais uma parte dos pacientes use o medicamento e a outra utilizem apenas comprimidos de placebo.

A história da descoberta da ação bloqueadora da enzima cox-2 e a menor ocorrência de câncer iniciou-se em 1983, quando casualmente um médico da Universidade do Colorado verificou que medicamentos antiinflamatórios eram capazes de reduzir a doença poliposa do intestino grosso, que é considerada uma lesão pré-cancerosa. Um estudo inicial foi publicado, e outros se seguiram a ele, mas nenhum cancerosa. Um estudo inicial foi publicado, e outros se seguiram a ele, mas nenhum deles obteve crédito junto à comunidade científica.

O estudo atual foi conduzido pelo National Cancer Institute e pelo laboratório farmacêutico Searle, sendo avaliados 83 pacientes ao longo de seis meses. Verificou-se que os pacientes que utilizaram o medicamento inibidor da cox-2 tiveram uma redução de 28% no número de pólipos intestinais, quando comparada a uma redução de 5% nos pacientes que receberam um placebo.

O Food and Drug Administration aprovou, no final do ano de 1999, o uso deste medicamento para a prevenção da polipose familiar.

Um novo estudo clínico com uma maior número de casos será conduzido pelo Dr. Bertagnolli, especialista na cirurgia do câncer de colo do Brigham and Women's Hospital, informa o jornal americano.

Fonte: The New York Times, edição de 18 de janeiro de 2000
Sinopse preparada por Bibliomed
Publicado em Bibliomed Saúde em 24/01/2000

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