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Cigarro continua desempenhando papel de destaque na maioria dos filmes

Por Alan Mozes

NEW YORK – É o sonho de todo ator estrelar nas telas de cinema. Mas o estudo de cinco filmes atuais sugere que muitos personagens de filmes estão também "acendendo" nas telas. Pesquisadores descobriram que nos anos 90, 38% dos atores e 42% das atrizes em papéis principais e secundários fumavam nos filmes.

Os autores do estudo notam que estas taxas são muito mais altas que as taxas nacionais americanas atuais para o tabagismo – com os personagens femininos fumando quase 50% mais do que a taxa de 24% de fumantes vista em mulheres dos EUA com idade entre 18 e 44 anos. Os personagens masculinos fumam em uma taxa quase 25% maior do que os 29% dos homens dos EUA na mesma faixa etária que fumam.

"A indústria do tabaco costuma pagar Hollywood por estratégias de 'colocação' de imagens do tabagismo em filmes populares ... (e) apesar dos pedidos para que a indústria pare com esta prática, a indústria cinematográfica de Hollywood parece continuar a representar o tabagismo em níveis muito mais altos do que ocorre na população geral," disse à Reuters Health o co-autor do esudo Dr. Ichiro Kawachi, da Escola de Saúde Pública de Harvard em Boston, Massachusetts.

Kawachi e colaboradores analisaram 50 filmes lançados entre 1993 e 1997. Totalizando 96 horas de filmagens, a equipe dividiu cada um dos filmes em intervalos de 5 minutos e gravaram o número de episódios de representação do fumo dentro de cada intervalo. Os filmes foram escolhidos para incluir uma performance de uma das 10 atrizes principais de Hollywood em 1997, determinado pelo cálculo e observação da quantidade do número de menções em artigos que cada atriz recebeu em cinco mais populares revistas lidas por mulheres com idades entre 18 e 24 anos – incluindo "Cosmopolitan", "Glamour", "Vogue", "Vanity Fair" e "Rolling Stone."

Notando que os níveis reais assim como a presença de produtos do tabaco são implicados no comportamento tabagista – incluindo segurar um cigarro apagado – os pesquisadores encontraram que das 10 atrizes estudadas, as cenas de fumo foram quatro vezes mais comuns em filmes em que figuravam atrizes jovens do que com aqueles com atrizes mais velhas, de acordo com o artigo publicado na edição de março do American Journal of Public Health.

Os autores também notam que as atrizes tinham mais probabilidade de fumar em filmes PG e PG-13 que enfocam uma audiência mais jovem do que em fílmes R direcionados à uma audiência madura, enquanto os atores foram 2.5 vezes mais propensos a fumar em filmes R.

Kawachi e sua equipe também explorou o contexto social das imagens de tabagismo, encontrando que as mulheres representadas freqüentemente usam o cigarro como forma de 'sex appeal', controle emocional, controle de imagem corporal e conforto. Homens fumam para mostrar masculinidade, poder, prestígio, autoridade, ligação masculina e seu papel de protetor.

Em entrevista à Reuters Health, Kawachi disse que uma vez que "as atrizes populares de Hollywood são modelos importantes para as jovens americanas ... é surpreendente e desapontador encontrar que uma amostra das 10 atrizes mais populares fumam ... quase duas vezes mais do que a taxa real na população adulta dos EUA."

Kawachi expressou preocupação a respeito da vulnerabilidade de crianças pequenas – e meninas jovens em particular – em face às imagens glamourosas do fumo, uma vez que estudos têm demonstrado que mais de 70% dos fumantes formam seu hábito antes dos 18 anos. Á luz disto, ele acrescenta que "outra surpresa foi encontrar que filmes direcionados à audiência mais jovem (PG-PG-13) foram muito menos propensos a carregar mensagens negativas a respeito do hábito de fumar do que aqueles direcionados à audiências mais velhas."

Kawachi sugere que para solucionar estes problemas, "atrizes populares de Hollywood devem fazer o máximo para incentivar os hábitos saudáveis nas meninas de forma positiva – pelo conhecimento de seus papéis de modelo de comportamento, rejeitando representações estereotipadas de comportamento tabagista em seu trabalho.

FONTE: American Journal of Public Health 2000;90:412-414.
Publicado em Bibliomed Saúde em 09/03/2000

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