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Composto reverte lesões solares da pele

NEW YORK – Os adoradores do sol poderão algum dia se beneficiar de uma loção pós-sol que repara algumas das lesões causadas pela luz ultravioleta (UV). De acordo com pesquisadores alemães e holandeses, um composto sob estudo que contém uma enzima reparadora do DNA poderá levar aqueles que sofreram queimaduras solares a reverter algumas mutações nas células da pele que podem mais tarde se transformar em câncer.

O tratamento reduziu um sinal chave de lesão da pele em 40 a 45% entre 19 voluntários de um estudo que foram expostos à radiação UVB por tempo suficiente para causar uma queimadura leve. Uma equipe liderada pelo Dr. Helger Stege, da Universidade Heinrich Heine em Dusseldorf, Alemanha, relata seus resultados na edição de 15 de fevereiro da Proceedings of the National Academy of Sciences.

A loção, de acordo com Stege e seus colaboradores, poderá levar pessoas a não somente prevenir queimaduras com protetores solares convencionais, mas também realizar um controle de lesão após a ocorrência da queimadura. A exposição aos raios solares pode lesar o DNA das células da pele, o que pode levar ao câncer. Os pesquisadores acreditam que estas lesões contribuem para o câncer pela lesão de genes supressores tumorais e por impedir a resposta imunológica à queimadura solar.

Então a equipe de Stege surgiu com uma loção que contêm uma enzima reparadora do DNA chamada fotoliase. Encontrada em muitos organismos primitivos e algumas formas de vida superior como peixes, a fotoliase é ativada pela luz e especificamente alcança e remove os dímeros de pirimidina do DNA.

A pele humana tem seu próprio sistema de reparo do DNA, mas se ele pode agir ativada pela luz como a fotoliase ainda não está confirmado, relata a equipe de Stege. A descoberta recente de uma versão humana da fotoliase "aumentou a possibilidade" de que o tratamento com a fotoliase poderia auxiliar a pele humana lesada, explicam os pesquisadores. O estudo atual está examinando uma loção com fotoliase derivada do plâncton (flora marinha).

Após a exposição os participantes do estudo à quantidade de UVB suficiente para causar queimaduras leves, a equipe de Stege encontrou um número significativo de dímeros de pirimidina nas células da pele. Os indivíduos foram imediatamente tratados com a loção, e uma hora mais tarde foram expostos a comprimentos de onda luminosa para ativar a fotoliase.

Este tratamento retirou os dímeros das células da pele em mais de 45%. Em contrapartida, os pesquisadores observam, nenhuma redução foi vista em experimentos adicionais usando loções sem fotoliase ou usando o tratamento luminosos antes da aplicação da loção.

Através da remoção dos dímeros do DNA das células da pele, a loção também previne completamente a supressão de dois tipos de resposta imune que ajudam a reparar a lesão solar, relatam os pesquisadores. Em pele não tratada exposta ao UVB, contudo, estas respostas foram inibidas. Como a resposta imune protege pela remoção somente parcial dos dímeros das células da pele lesadas pelo sol, pode não ser necessário livrar completamente o DNA dos dímeros para que o tratamento funcione, observam os autores. Eles especulam que um certo número de dímeros deveriam estar presentes para prevenir uma resposta imunológica exagerada.

FONTE: Proceedings of the National Academy of Sciences 2000;97:1790-1795.
Publicado em Bibliomed Saúde em 25/02/2000

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