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HIV é Ligado a Maior Incidência de Malária, Diz Estudo

Por Patricia Reaney

LONDRES (Reuters) - O HIV está se espalhando por muitos países do mundo desenvolvido e também pode estar contribuindo para o aumento da malária, informaram médicos na sexta-feira.

Os especialistas descobriram que as pessoas infectadas pelo HIV nos países pobres podem ser duas vezes mais suscetíveis à contaminação pelo parasita da malária que pessoas sem o vírus causador da Aids.

Os cientistas já suspeitavam de uma associação entre o vírus e o mosquito transmissor da infeção. Mas nova pesquisa publicada na revista médica The Lancet é a primeira a estabelecer a ligação entre os dois maiores agentes de mortes do mundo.

A África subsaariana já tem a maior incidência do HIV/Aids com quase 24 milhões de pessoas infectadas, um problema que pode ser ainda mais complexo pelo aumento da malária, que mata até 2 milhões de pessoas por ano, sendo 90 por cento na África.

James Whitworth, do Programa de Pesquisa Médica em Aids no centro que estuda o vírus, em Uganda, informou que sua equipe verificou um aumento nas infeções por malária entre os pacientes com Aids. A contaminação tendeu a aumentar à medida que caia a contagem dos níveis das células do sistema imune, as CD4.

"A infecção pelo HIV-1 é associada ao aumento da frequência da malária", informou Whitworth na Lancet.

"Essa associação tende a se tornar mais pronunciada com o avanço da imunossupressão (queda na resistência a doenças) e pode ter implicações importantes na saúde pública da África subsaariana", acrescentou ele.

Os pesquisadores estabeleceram o vínculo entre as duas doenças ao monitorar 484 pacientes, com ou sem o HIV, na área rural de Uganda atendidos em uma clínica a cada três meses, durante oito anos.

Cada vez que os pacientes eram atendidos na clínica, eram perguntados sobre as condições de saúde e examinados para detectar o parasita da malária. Os pacientes com HIV também foram submetidos a contagens regulares de CD4.

Cerca de 12 por cento dos paciente com HIV foram infectados pelo parasita da malária, comparados a 6,3 por cento de pacientes sem o vírus.

Os pacientes com HIV e menores taxas de CD4 também tiveram maiores densidades do parasita da malária.

Para Terrie Taylor, especialista em malária da Universidade Estadual de Michigan, em East Lansing, a pesquisa é a primeira demonstração do impacto do HIV na malária e da carga extra que pode ser posta sobre os sistemas de saúde.

"O que esse grupo mostrou é que as pessoas estão mais propensas a ter malária se forem HIV positivo", disse Taylor em entrevista por telefone.

"O fato de uma grande proporção de adultos andar por a" com mais parasitas de malária no sangue provavelmente tem implicações para a transmissão da malária. Também pode ter implicações para os programas de controle da malária", disse a especialista.

Taylor escreveu um comentário sobre a pesquisa na Lancet e informou que o estudo traz muitas questões sobre a progressão, tratamento e controle da doença.

"As implicações para a saúde pública também são grandes porque existe a possibilidade desses indivíduos infectados com o HIV estarem abrigando um grande reservatório de parasitas da malária", informou Taylor.

Sinopse preparada por Reuters Health

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