Notícias de saúde

Diagnóstico de Déficit de Atenção é Falho nos EUA, Diz Estudo

Por Deborah Zabarenko

WASHINGTON (Reuters) - Muitas crianças norte-americanas com um problema neurológico conhecido como transtorno por déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não são diagnosticadas e não recebem tratamento, segundo mostra um levantamento publicado no país pelo grupo Harris.

Na pesquisa, os pais e os avós das crianças com TDAH discordaram dos médicos. Para cerca de dois terços dos entrevistados, o problema foi superdiagnosticado entre crianças em idade escolar.

Apenas uma em cada cinco pessoas disse que o distúrbio não era diagnosticado e uma em cada sete pessoas informou acreditar que era diagnosticado na medida certa.

O trabalho, divulgado no domingo, foi encomendado pelo Shire Richwood Inc, subsidiária do Shire Pharmaceuticals Group, que fabrica a droga Adderal usada no tratamento do TDAH. A droga mais conhecida e usada para o tratamento desse distúrbio é o Ritalin, fabricado pela Novartis Pharma AG.

O diagnóstico e o tratamento do TDAH têm provocado um debate nacional, com muitas críticas ao uso de droga no tratamento de crianças muito jovens que talvez não tenham o distúrbio. Pessoas com TDAH têm problemas persistentes de atenção e controle de impulsos e da hiperatividade. Como a maioria das crianças se comporta dessa forma, algumas vezes, o diagnóstico pode ser problemático.

O distúrbio afeta entre 3 e 5 por cento de todas as crianças em idade escolar, sendo considerado o problema psiquiátrico mais frequentemente diagnóstico em crianças e adolescentes.

Peter Jensen, professor de psiquiatria infantil na Faculdade de Clínicos e Cirurgiões da Universidade de Colúmbia, em Nova York, e integrante da equipe que realizou o levantamento, reconhece as dificuldades para diagnosticar e de tratamento. Mas informou que, em geral, o distúrbio não é diagnosticado de forma suficiente.

"Poderia ser superdiagnosticado? Não existe dúvida de que algumas vezes crianças sem TDAH são inapropriadamente taxadas, mas entre as crianças com TDAH, metade fica sem o diagnóstico", disse Jensen em entrevista por telefone.

Peter Lipkin, diretor do centro para desenvolvimento e aprendizado do Instituto Kennedy Krieger (Baltimore) que cuida de crianças com distúrbios, incluindo o TDAH, informou que as observações de Jensen e os resultados do levantamento pareceram razoáveis.

Na opinião de Lipkin, entre crianças pobres o problema geralmente fica sem diagnóstico em parte devido ao tratamento de saúde disponível para eles. Conforme o especialista, professores, médicos, pais e outros profissionais que trabalham com crianças de classe média são mais sensíveis ao distúrbio e têm uma tendência maior de mandar a criança para avaliação TDAH.

Jensen e Lipkin são favoráveis a um tratamento que inclua medicação, terapia comportamental e aconselhamento, mas ambos concordam que apenas medicamento pode ser efetivo.

Para Jesen, mesmo crianças sem TDAH com "dificuldades temporárias" podem beneficiar-se com as drogas. "Mas isso seria um tratamento inapropriado", disse Jensen.

O problema de um possível tratamento desnecessário em crianças pequenas com Ritalin e outras drogas psicotrópicas foi assunto de uma entrevista coletiva da Casa Branca em março, em que a primeira-dama Hillary Clinton anunciou um estudo de 5 milhões de dólares do National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental) sobre o impacto dessas drogas em crianças menores de 7 anos de idade.

O levantamento do grupo Harris também verificou que médicos, pais, avós e pacientes com TDAH consideraram o distúrbio sério e muitos pais e avós disseram que a falta de informação e os relatos confusos da mídia impedem muitas crianças de receber o tratamento apropriado.

A margem de erro do levantamento foi de três pontos percentuais para cima ou para baixo no público em geral, 4 por cento para professores, pacientes adultos, pais e avós dos pacientes e 7 por cento para médicos incluindo psiquiatras infantis, psiquiatras e pediatras.

Sinopse preparada por Reuters Health

Copyright © 2000 Reuters Limited. All rights reserved. Republication or redistribution of Reuters Limited content, including by framing or similar means, is expressly prohibited without the prior written consent of Reuters Limited. Reuters Limited shall not be liable for any errors or delays in the content, or for any actions taken in reliance thereon.

Faça o seu comentário
Comentários