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600 mil grávidas morrem ao ano em países em desenvolvimento

Por Todd Zwillich

WASHINGTON (Reuters Health) - Todo ano, cerca de 600 mil mulheres morrem em países em desenvolvimento devido à falta de atendimento médico adequado durante a gravidez e no parto, de acordo com um estudo sobre o estado de saúde da mulher divulgado pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo).

"Somente 53 por cento das mulheres em todo o mundo têm alguém treinado com elas durante o nascimento da criança", disse Anne Tinker, especialista-chefe de saúde do Banco Mundial e colaboradora do estudo.

Ela estimou que uma em dez mulheres grávidas em países em desenvolvimento morre de uma causa relacionada à gravidez, uma taxa muito superior à de países industrializados.

O estudo trienal utilizou dados fornecidos por organizações não-governamentais (ONGs), governos e agências de auxílio que trabalham com saúde feminina em cerca de cem países.

O estudo traça um quadro cruel da qualidade de saúde considerando a expectativa de vida de mulheres que vivem em países em desenvolvimento, desde o uso difundido de aborto seletivo para eliminar fetos femininos na Índia e China até a assustadora taxa de infecção com HIV em mulheres jovens na África subsaariana e a quase inexistência de testes de câncer de colo uterino em muitos países em desenvolvimento.

Além disso, o estudo esboça o estigma da sexualidade feminina em muitas culturas. Combinado à pobreza e à falta de educação formal, este estigma torna o acesso à prevenção de doenças muito difícil para diversas mulheres.

A disseminação da Aids na África é um exemplo. As mulheres já estão mais de quatro vezes mais vulneráveis do que os homens a contrair o HIV.

Tinker disse que a suscetibilidade fisiológica, no entanto, é aumentada pela prostituição difundida e por uma cultura que tira a decisão sexual das mãos de maioria das mulheres.

A especialista acrescentou que mulheres entre 15 e 25 anos estão no grupo de maior risco de Aids no sul da África.

"E regras sociais dificultam ainda mais que mulheres insistam na fidelidade ou no uso do preservativo" por parte de seus maridos, disse Tinker.

A ampla falta de educação formal de mulheres também é apontada como um grande colaborador para a saúde de má qualidade em todo o mundo.

Em muitas regiões, mulheres continuam financeira e socialmente dependentes de seus maridos, incapazes de escapar de abuso físico e sexual e sem conhecimento de métodos anticoncepcionais.

Tinker afirmou que fóruns mundiais recentes -- como a conferência sobre População e Desenvolvimento de 1994 no Cairo, Egito, e a conferência sobre direitos da mulher de 1995 em Pequim (China) -- ajudaram a direcionar políticos em uma "avanço holístico" que dá destaque ao planejamento familiar, à saúde maternal e à condição cultural e econômica da mulher.

Poucos países atingiram melhoras na saúde da mulher, incluindo uma queda de 40 por cento na mortalidade materna em Honduras desde 1991 e um maior cuidado médico durante o trabalho de parto e no parto na Índia.

"Se (a saúde da mulher) está melhorando, isso está acontecendo em um número muito pequeno de países", disse Shirish Sheth, presidente da Figo. "Nos países em desenvolvimento, há muito para se avançar."

O Relatório Mundial de Saúde da Mulher 2000 está publicado na edição de julho do International Journal of Gynecology and Obstetrics.

Sinopse preparada por Reuters Health

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