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Religião pode influenciar a conduta do médico?

06 de fevereiro de 2007 (Bibliomed). As crenças religiosas e os valores morais são princípios que norteiam a vida da maioria das pessoas. As diversas atitudes e conceitos, que são utilizados e praticados cotidianamente, sofrem inegável influência destas crenças. Porém, até que ponto uma conduta praticada por um profissional da área da saúde, como o médico ou o enfermeiro, pode ser influenciada por seus valores morais e religiosos? O profissional pode se negar a tomar determinada conduta que iria de encontro a suas crenças?

Com o objetivo de melhor esclarecer este tema um grupo de pesquisadores escreveu um estudo na revista The New England Journal of Medicine em Fevereiro de 2007. Os autores afirmam que existe um intenso debate acerca dos aspectos éticos que estariam implicados na modificação da conduta médica, ou até mesmo na recusa do médico em realizar certos tratamentos, que iriam contra suas crenças religiosas e valores morais.

A pesquisa baseou-se na avaliação das condutas tomadas por 1144 médicos norte-americanos, das mais diversas especialidades. Foi verificada a percepção que os médicos tinham, acerca dos aspectos éticos e morais, associados a determinadas condutas profissionais, como a administração de medicamentos sedativos a pacientes com baixa expectativa de vida, a prática do aborto terapêutico e a prescrição de medicamentos anticoncepcionais a adolescentes sem a prévia aprovação paterna.

Os resultados da pesquisa demonstraram que dois, em cada três médicos entrevistados, julgavam ser eticamente correto o profissional da saúde explicitar suas premissas morais e religiosas aos pacientes. Um número maior de entrevistados, cerca de 86%, revelou que o médico possui a obrigação de informar ao seu paciente, todas as possibilidades de tratamento e condutas, independente das suas premissas morais. Além disso, 71% dos médicos que participaram do estudo, afirmaram que o médico que se julgar impedido de realizar as condutas acima descritas, devido a suas convicções éticas e religiosas, têm a obrigação de encaminhar seu paciente para algum colega, que não se veja impedido de realizá-las.

Com isso, conclui-se que a maioria dos médicos que participaram do estudo, acreditam que, apesar de não haver transgressão ética na revelação aos pacientes das suas premissas morais e religiosas, é necessário que tais premissas não impeçam a tomada de condutas que beneficiem seu paciente.

Fonte: The New England Journal of Medicine 2007; 356 (6): 593 – 600 (February 8)

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