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Risco de doenças cardíacas é grande entre portadores de IRC e transplantados

24 de Fevereiro de 2003 (Bibliomed). Os portadores de insuficiência renal crônica (IRC) e os transplantados precisam ficar atentos não apenas ao funcionamento dos rins como também às doenças cardiovasculares. Estima-se que elas sejam responsáveis pela morte de mais de 50% dos pacientes mantidos em diálise e de 32% daqueles que se submeteram a um transplante renal.

A principal alteração cardíaca verificada nesses pacientes é a hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE), que atinge de 57% a 93% dos pacientes que fazem diálise e de 50% a 70% dos transplantados. A HVE está relacionada à hipertensão arterial, anemia, uremia e presença da fístula arteriovenosa (junção cirúrgica de uma veia a uma artéria para possibilitar a hemodiálise).

Em sua tese de doutorado, a pesquisadora Soraia Rambalducci Costa Ferreira estabeleceu pela primeira vez a relação entre a redução da HVE e o funcionamento adequado do rim transplantado. Soraia selecionou 24 portadores de IRC que se preparavam para receber um rim de um doador vivo no Hospital São Paulo. Os voluntários tinham de 18 a 60 anos, faziam diálise havia cerca de 23 meses e metade era mulher. Os voluntários passaram por avaliações antes do transplante e três, seis e doze meses após a cirurgia. Além de exames clínicos, fizeram Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa) e um ecocardiograma. Um ano após a cirurgia, o novo rim funcionava bem e eles não precisavam mais se submeter à diálise.

Para analisar o ventrículo esquerdo, Soraia dividiu os pacientes em dois grupos, de acordo com a concentração de creatinina – substância produzida pelos músculos que fica retida no organismo quando o órgão não trabalha normalmente. Dos transplantados, 19 (79%) ficaram com nível menor do que 2 mg/dl e 5 (21%), com taxa igual ou maior do que 2. Em pessoas sem problemas renais, a quantidade encontrada é 1,2 mg/dl. Quando o rim não trabalha bem, este valor chega a 10 mg/dl.

Os pacientes do primeiro grupo reduziram o IMVE (índice de massa do ventrículo esquerdo), que determina o tamanho do ventrículo. Antes do transplante, os pacientes desse grupo tinham IMVE médio de 156,05 g/m2. Depois da cirurgia, 94,7% dos transplantados tiveram redução do índice. Em média, o IMVE caiu 23,5%. “Isso significa que os riscos de doenças cardíacas foram reduzidos”, explicou. No segundo grupo, a redução do IMVE foi de apenas 4,2%, e dois dos cinco pacientes tiveram aumento de 37% do índice um ano após a cirurgia. O IMVE considerado normal entre mulheres é de até 110 g/m2, e entre homens, de até 134. Acima disso existe a hipertrofia do ventrículo esquerdo.

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