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Antidepressivo é testado em pessoas saudáveis

09 de Janeiro de 2003 (Bibliomed). O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo retomou uma pesquisa em que doses baixas do antidepressivo clomipramina foram aplicadas em pessoas que não sofrem de distúrbios psiquiátricos. O estudo, pioneiro no mundo, foi realizado há seis anos e mostrou resultados positivos. “Em 1996, apenas dez voluntários foram recrutados e todos relataram melhora em suas vidas no período em que tomaram a droga”, informou a psicofarmacologista e coordenadora da pesquisa, Clarice Gorenstein.

Segundo a pesquisadora, o antidepressivo já havia sido testado, no Brasil, em pacientes que sofriam de síndrome do pânico. Nesse estudo, realizado em 1985, “as pessoas se sentiam melhor do que já tinham se sentido”, disse Gorenstein. A partir daí, surgiu a necessidade da realização de testes para descobrir como o antidepressivo estaria atuando no organismo, fazendo a regulação emocional. Mas, a equipe de Gorenstein acreditava que se o estudo fosse realizado com pessoas doentes poderiam surgir interferências e, conseqüentemente, distorções no resultado final. “Elas poderiam estar melhorando dos sintomas e por isso estarem melhores em tudo”, explicou. Por esse motivo, o antidepressivo foi aplicado em pessoas “normais”.

Segundo a pesquisadora, a maior dificuldade enfrentada pela equipe foi encontrar pessoas dispostas a participar do estudo. Mas, apesar do pequeno número de voluntários, os resultados foram consistentes, já que todos os participantes apresentaram menor nível de ansiedade e irritabilidade e melhor nível de concentração.

Com a retomada do estudo este ano, os pesquisadores pretendem realizar novos testes com pessoas saudáveis, para verificar se o antidepressivo pode atuar também sobre o poder de decisão, personalidade, grau de tolerância, sono e apetite. Mas, embora a pesquisa esteja sendo realizada com pessoas “normais”, Gorenstein fez questão de ressaltar que o objetivo do estudo não é utilizar o medicamento em qualquer pessoa e não se trata também de descobrir a droga da felicidade. “Existem trabalhos na área de genética que identificam as pessoas mais predispostas às doenças psiquiátricas. Talvez para elas a droga possa ter aplicação, mas ainda é precipitado pensar nisso”, concluiu.

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