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Ipen constrói laboratório inédito no hemisfério Sul

18 de Setembro de 2002 (Bibliomed). As instalações básicas do primeiro laboratório do hemisfério Sul produtor de sementes de iodo 125, material radioativo usado no tratamento do câncer de próstata, já foram concluídas. O laboratório fica no campus da Universidade de São Paulo (USP), da capital. Agora, os cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) estão empenhados na construção dos equipamentos laboratório, que fornecerá, em escala comercial e com tecnologia nacional, oito mil unidades às clínicas e hospitais de todo o país.

Apenas multinacionais detêm a tecnologia, que começará a ser produzida dentro de um instituto que não visa lucros. "Estimamos que em dois anos o laboratório deva estar implementado e produzindo cada semente a US$ 20, pelo menos", avaliou Maria Elisa Rostelato, chefe do Laboratório de Produção de Fontes Radioativas para uso em Radioterapia e da Divisão de Projetos do Centro das Tecnologias das Radiações, ambos do Ipen. O preço de cada semente hoje é de US$ 36. Numa cirurgia, são utilizadas de 80 a 120 unidades.

O projeto custou R$ 1 milhão e foi financiado pela Fapesp. O primeiro protótipo foi lançado pelo Ipen em abril de 2000. Naquela época, apenas os Estados Unidos e Inglaterra possuíam a técnica, dominada atualmente somente por oito companhias no mundo. As inovações brasileiras, que devem ser patenteadas futuramente, foram duas: a adsorção do iodo na prata e a metodologia de soldagem da cápsula. A semente tem uma capa de titânio, com um núcleo de prata onde é colocado o iodo 125. Em seguida, a cápsula é soldada nas duas pontas. Ela é menor do que um grão de arroz - mede 0,8 mm de diâmetro e 4,5 mm de cumprimento.

O tratamento com as unidades de iodo se chama braquiterapia, método que se difere da radioterapia por ser feita no local do tumor ou próximo dele. O implante é feito com o auxílio de agulhas específicas, na região entre o reto e o escroto. Elas ficam definitivamente no organismo humano, mas a radiação emitida pelo iodo 125 dura cerca de dez meses. Segundo Maria Elisa, o paciente pode desenvolver suas atividades normalmente 48 horas após a cirurgia.

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