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Cientistas querem descobrir até que idade os brasileiros vivem de forma independente

22 de Abril de 2002 (Bibliomed). Resultados preliminares de uma pesquisa com moradores de Ouro Preto revelam que a maioria dos idosos é capaz de realizar, sem nenhuma ajuda, atividades do dia-a-dia, como comer, vestir e fazer a própria higiene. Grande parte também consegue executar tarefas que exigem equilíbrio e coordenação motora, como amarrar os sapatos e ficar de pé em um ônibus; e memória, como tomar medicamentos de forma correta.

O estudo está sendo realizado, desde o final do ano passado, pela Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade Federal de Minas Gerais e pelas Sociedades de Cardiologia e de Geriatria de Minas Gerais. O objetivo é avaliar a saúde das pessoas com 65 anos ou mais, e detectar os fatores que provocam incapacidade e prejudicam a qualidade de vida dos idosos.

Segundo os pesquisadores, os bons resultados podem ser explicados pelo fato dos idosos brasileiros ainda serem “jovens”. De cada dez, seis têm menos de 75 anos e apenas um tem mais de 85 anos. A pesquisa revela também que a qualidade de vida e o grau de independência dos idosos poderiam ser ainda melhores, se o cuidado com a saúde fosse maior.

Por desconhecimento, falta de dinheiro ou dificuldade de acesso ao sistema público de saúde, sete em cada dez idosos apresentam más condições de saúde bucal, não fazem exames preventivos contra o câncer e não estão em dia com as vacinas. Muitos sofrem de depressão, problemas de memória, incontinência urinária e quedas e fraturas.

A expectativa de vida das brasileiras chega aos 72 anos. Os cientistas mineiros querem descobrir agora qual é a expectativa de vida livre de incapacidade, isto é, até que idade os brasileiros conseguem viver bem, sem doenças graves, com capacidade de andar e trocar de roupa sozinhos, ou mesmo fazer pequenas compras na esquina.

O Brasil é um país jovem. Entre os 170 milhões de brasileiros, menos de 10 milhões (6%) tem pelo menos 65 anos. Esse quadro, no entanto, tende a se transformar rapidamente. Estima-se que a proporção de idosos saltará para 14% em 2036. Isso significa que o País tem pouco mais de três décadas para garantir condições mínimas de habitação, alimentação, assistência à saúde e aposentadoria para os idosos, com uma população economicamente ativa proporcionalmente menor. Um grande desafio, se levarmos em conta que a França levou 115 anos para fazer isso, opina o professor da UFMG Flávio Chaimowicks.

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