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Galinhas podem se tornar "fábricas" de substâncias e salvar vidas humanas

04 de Abril de 2002 (Bibliomed). Num futuro próximo, grandes complexos industriais produtores de medicamentos poderão ser substituídos por uma granja criadora de galinhas especiais. É o que dizem pesquisadores de engenharia genética, que estão tentando construir galinhas geneticamente modificadas que produzam determinadas proteínas, medicamentos ou enzimas em seus ovos. Os primeiros resultados têm sido animadores, e a idéia de “fábricas vivas” pode estar mais próxima do que muita gente imagina.

Um estudo experimental conseguiu fazer com que galinhas geneticamente modificadas produzam em seus ovos uma enzima bacteriana biologicamente ativa, mostrando que é possível alterar a “receita” da produção de ovos e torná-los futuras formas de produção e administração de substâncias como medicamentos. No estudo, os descendentes das galinhas modificadas mantinham a capacidade de produzir a substância, mostrando que a “nova receita” seria seguida pelos descendentes, tornando aquela linhagem capaz de se tornar uma verdadeira “fábrica” viva.

Várias pesquisas genéticas estão sendo voltadas para a produção de substâncias interessantes no leite de vários animais, como camundongos, coelhos, porcos, ovelhas, cabras e vacas leiteiras. Segundo os pesquisadores, o uso de galinhas e seus ovos para este fim trazem várias vantagens sobre o uso de leite de cabras ou vacas, principalmente em termos de custo e tempo gasto até a produção. Uma galinha é capaz de começar a postura de ovos 21 semanas após o nascimento, e pode botar até 330 ovos por ano. Cada ovo contém cerca de 6,5 gramas de proteína. Estas características fazem com que as galinhas sejam preferíveis às vacas ou cabras para produção de medicamentos de baixa potência utilizados em altas doses, como albumina humana e anticorpos, já que um ovo traria quantidade significativa destes compostos. O uso do leite seria mais interessante para compostos de alta potência utilizados em baixas doses, como fatores de coagulação humanos. Outro fato a favor dos ovos é que o leite é uma substância mais complexa, mais difícil de purificar e extrair a substância desejada. Sendo mais simples, os ovos seriam mais fáceis e baratos de processar para extração do medicamento produzido.

A forma pela qual o gene contendo a “receita” do composto desejado foi inserido junto aos genes próximos da galinha foi à utilização de um vírus fabricado especialmente para isto. Os vírus são capazes de invadir células e “colar” seus genes aos genes do hospedeiro, obrigando-o a produzir compostos a partir de suas “receitas”. Este vírus fabricado invade as células da galinha e as “ensina” a produzir a substância desejada. Os pesquisadores conseguiram que estes genes “colados” aos genes da galinha se mantivessem ativos dentre os genes normais, e as pesquisas estão demonstrando que mesmo os filhos das galinhas iniciais permanecem com estas cópias de genes ativas. A princípio, os pesquisadores observaram que as galinhas traziam cópias dos genes estranhos no sangue, mas não nos ovos. Por seleção genética das galinhas, contudo, eles chegaram a uma linhagem de aves que produzia e excretava a substância desejada nos ovos.

Se os resultados desta abordagem genética continuarem mostrando resultados positivos, a produção de vários medicamentos vai se tornar muito mais barata do que é hoje, aumentando o acesso de toda a população mundial a medicamentos essenciais. E, acoplado a todas as indústrias farmacêuticas poderemos ver grandes granjas, onde as “galinhas-fábricas” viveriam, sem saber, fabricando compostos que salvam a vida de seres humanos.

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