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Epidemias de dengue e malária poderão ser reduzidas com modificação em mosquitos

22 de Outubro de 2002 (Bibliomed). A dengue e a malária, doenças que vitimam mais de 1 milhão de pessoas por ano, são os alvos de uma pesquisa realizada no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Os pesquisadores estão trabalhando com a criação de mosquitos transgênicos, que seriam incapazes de transmitir os microorganismos causadores das doenças para o corpo humano.

A primeira etapa para a criação dos mosquitos geneticamente modificados é a elaboração dos novos genes que serão colocados nos animais. Com estes genes produzidos, é iniciada a fase da clonagem, para que seja realizada a multiplicação das moléculas. Posteriormente, coloca-se os genes nos mosquitos e então o comportamento deles é observado, para que seja comprovada a ineficiência deles em transmitir a doença. A implantação dos genes não impede que os mosquitos carreguem os microorganismos causadores dos males, mas impossibilita que eles penetrem no corpo humano. A pesquisa sobre a dengue encontra-se em um estágio mais avançado. “Estamos na fase final da clonagem. Se este processo correr sem nenhum problema, acredito que até o final do ano poderemos testar os genes nos Aedes aegypti”, disse a professora Margareth de Lara Capurro, coordenadora dos estudos. No caso da malária, a pesquisa ainda não alcançou este nível, mas a professora ressalta a importância dos estudos sobre a doença, que vitima um grande número de pessoas e ainda não possui vacina preventiva.

O trabalho desenvolvido na USP é pioneiro no Brasil, tendo similares apenas em outros países. Ele começou em 1997, quando foi desenvolvido um mosquito incapaz de transmitir a malária para um grupo de galinhas. “Implantar o processo com humanos de início seria muito arriscado. Além de trabalharmos somente com hipóteses, o custo seria muito elevado”, explicou a pesquisadora. Segundo Margareth, o sucesso com o grupo de galinhas foi fundamental, porque no começo a não-transmissão da doença pelos mosquitos modificados era apenas uma hipótese. Pesquisadores de Cleveland (EUA) realizaram um processo similar com um grupo de camundongos. Os mosquitos desenvolvidos nos EUA não conseguiram executar a transmissão do protozoário Plasmodium berghei, outro causador da malária.

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