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01 de abril de 2002 (Bibliomed). Um dos principais problemas enfrentados por alcoólatras que tentam parar de beber são os sintomas da abstinência. O organismo está tão acostumado ao consumo exagerado de álcool que, quando o indivíduo não bebe, sofre sintomas graves como tremores, sudorese, náuseas, agitação e delírios. Estes sintomas, na maioria das vezes, desanimam os doentes de continuar o programa de abstinência e os empurra de novo para o vício.
O alcoolismo é uma doença grave, que atinge pessoas de todas as idades e classes sociais no mundo todo, trazendo conseqüências desastrosas em termos de saúde física, mental e social. O alcoólatra freqüentemente é rejeitado pela família e sociedade, devido ao desgaste que provoca em seu círculo de convivência. Além disto, muitas pessoas ainda não vêem o alcoolismo como doença, e sim como hábito, o que dificulta ainda mais as abordagens e a aceitação do alcoólatra como membro da sociedade e da família que tem um problema de saúde e não um problema de caráter. O custo social do alcoolismo é muito alto, já que pessoas jovens, em plena idade produtiva, se tornam praticamente inúteis e geralmente têm morte precoce devido às conseqüências físicas da doença. Entre as complicações físicas mais comuns do alcoolismo estão cirrose hepática, pancreatite, demência, doença cardíaca, dentre outras, e são potencialmente fatais.
Um pequeno estudo feito na Itália mostrou que um medicamento é capaz de reduzir ou mesmo eliminar os sintomas da abstinência. Este medicamento, chamado Baclofeno, é utilizado em outras doenças como esclerose múltipla e lesões da medula espinhal, e age no sistema nervoso central controlando os espasmos e rigidez muscular. Além de seu uso no alcoolismo, o medicamento também mostra evidências de funcionar bem em outros casos de abstinência, como em usuários de opiáceos como a heroína.
O estudo ainda não é definitivo, mas abre portas para outros estudos maiores que possam avaliar com mais segurança a eficácia do medicamento. Se comprovada a eficácia, este medicamento pode ser uma arma poderosa para auxílio daqueles que querem parar de beber.
Os pesquisadores administraram o medicamento em cinco pacientes alcoólatras que estavam tentando parar de beber ainda no hospital, mas estavam sofrendo sintomas graves da abstinência. Quatro deles mostraram resolução dos sintomas em 3 horas, e o quinto melhorou em 3 dias. Todos continuaram a utilizar a droga por 30 dias, mesmo após a alta hospitalar. Nenhum dos pacientes tratados mostrou sintomas de abstinência durante o acompanhamento ambulatorial.
O medicamento não visa resolver o problema do alcoolismo, mas apenas auxiliar pessoas que estejam realmente querendo parar de beber. O alcoolismo não é uma doença puramente física, assim como não é puramente mental. É a conjunção entre doença física, mental e social que a torna tão problemática e difícil de tratar. O uso deste medicamento apenas visa aliviar as dificuldades físicas do abandono do vício, mas apoio psíquico e social são indispensáveis, além da conscientização e motivação do próprio doente, que deve estar profundamente envolvido em seu propósito de abandonar a bebida. Embora não sendo uma panacéia milagrosa, o baclofeno pode ser um instrumento valioso se utilizado conscientemente. Novos estudos serão realizados, em uma amostra maior de pacientes, para confirmar sua eficácia e segurança nestes casos.
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