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Pacientes Com HIV Têm Chances de Deixar Droga Contra Pneumonia

19 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Pacientes infectados pelo HIV, que estão tomando drogas poderosas para combater o vírus, podem interromper o uso de medicamentos que os protegem contra um tipo específico de pneumonia, segundo os resultados de dois novos estudos.

Pesquisadores descobriram que pacientes com HIV, que estavam sendo tratados com o coquetel anti-Aids, podem interromper a terapia preventiva contra pneumonia provocada por "Pneumocystis carinii" se os níveis de uma célula do sistema de defesa, os linfócitos CD-4, estiverem acima de 200 por milímetro cúbico. Essas descobertas estão publicadas na edição de 18 de janeiro da revista "The New England Journal of Medicine".

O primeiro estudo foi realizado entre 1998 e 1999 e incluiu 474 pacientes HIV positivo sem histórico de pneumonia por P. carinii. Os pacientes foram monitorados durante 20 meses. Dos participantes, 240 interromperam o tratamento preventivo contra a pneumonia enquanto 234 mantiveram o regime medicamentoso.

"Não houve episódios de pneumonia provocada por P. carinii em nenhum dos dois grupos durante o acompanhamento", segundo o autor principal da pesquisa, Juan C. Lopez Bernaldo De Quiros, do Hospital Universitário de Gregorio Maranon, em Madri, na Espanha, e seus colegas.

O estudo também investigou se pacientes que tinham contraído pneumonia no passado precisavam continuar a tomar o remédio para evitar uma reincidência. Após 12 meses de avaliação, os pesquisadores informaram que não houve novos casos de pneumonia provocada por P. carinii nos 60 dos 130 pacientes com histórico de pneumonia e que interromperam o tratamento.

No segundo estudo, o autor principal Bruno Ledergerber, do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, e seus colegas examinaram o efeito de suspender a medicação que previne pneumonia provocada por P. carinii em pacientes que já haviam contraído a doença e, por isso, tinham um alto risco de ter uma reincidência.

Os 325 pacientes HIV positivos que participaram do estudo foram observados durante 13 meses após interromper a medicação preventiva.

"Nenhum caso de reincidência de pneumonia por P. carinii foi diagnosticado durante esse período", escreveu.

A equipe de Ledergerber concluiu que "é seguro interromper (o tratamento para aqueles que têm um risco maior de reincidência) contra pneumonia por P. carinii em pacientes HIV positivo que apresentam uma resposta imunológica ao coquetel anti-Aids".

No editorial que acompanhou a publicação, Pierre-Marie Girard, da Faculdade de Medicina Saint-Antoine, em Paris, na França, escreve que os resultados condizem com outros obtidos em estudos anteriores, que demonstraram a praticidade de interromper medicações preventivas contra doenças oportunistas importantes.

"Todos esses estudos são uma boa notícia para pessoas que vivem com HIV", Girard concluiu. "Esses trabalhos também apoiam o valor de estudos a longo prazo... que confirmam, diante de condições cotidianas, os resultados de pesquisas controladas", ele escreveu. Ele acrescentou, no entanto, que indústrias farmacêuticas "dificilmente" patrocinariam estudos de redução de uso de drogas como esse.

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