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Cafeína é Associada a Abortos Prematuros

22 de Dezembro de 2000 (Bibliomed). O consumo de cafeína está relacionado a abortos prematuros? Segundo uma equipe de pesquisadores suecos e norte-americanos, a resposta pode ser sim.

As descobertas parecem confirmar outras pesquisas que já haviam sugerido a ligação. Os cientistas se uniram com a Food and Drug Administration (FDA, agência norte-americana para controle de drogas e alimentos) e a outros grupos para sugerir que as mulheres limitem o consumo de cafeína no início da gravidez. Entretanto, o novo estudo está longe de ser a palavra final sobre o assunto polêmico.

A equipe de Sven Cnattingius, do Instituto Karolinska, em Estocolmo (Suécia), comparou 562 mulheres que tiveram abortos prematuros entre a sexta e a décima segunda semana de gestação e um grupo controle de 953 gestantes que não tiveram aborto. Algumas mulheres do grupo controle foram submetidas a aborto induzido.

Entre mulheres não fumantes, ocorreram mais abortos entre as que ingeriram 100 miligramas ou mais de cafeína por dia que entre mulheres que consumiram quantidades menores, informaram os autores do estudo em artigo publicado na edição de 21 de dezembro do New England Journal of Medicine. Um copo de café americano contém 100 miligramas de cafeína.

Um alto consumo diário de cafeína, 50 miligramas ou mais, "foi associado a um risco duplicado" em não fumantes, observou a equipe de Cnattingius.

O estudo também considerou os possíveis efeitos do fumo e defeitos genéticos nos fetos. A associação entre fumantes não foi demonstrada de forma consistente e o aumento do risco associado à cafeína foi verificado amplamente em mulheres cujos fetos tinham cromossomos normais. Quando houve anormalidade nos cromossomos, não houve aumento do risco de aborto associado ao consumo alto ou moderado de cafeína, explicaram os pesquisadores.

As mulheres que participaram do estudo foram questionadas em entrevistas sobre o consumo de cafeína e as fontes de obtenção da substância como café, chá, chocolate, cacau e medicamentos.

"De toda a cafeína ingerida, o café contribuiu com 76 por cento, o chá com 23 por cento e outras fontes com 1 por cento", informou o artigo.

Foram encontradas diferenças entre os dois grupos de mulheres. "As mulheres que tiveram abortos eram significativamente mais velhas que as integrantes do grupo controle, provavelmente nasceram fora dos países nórdicos e tiveram gestações e abortos anteriores", observaram os autores.

Os pesquisadores reconheceram que existiram limitações no estudo. Como em outras pesquisas, a equipe sueca verificou que "o fumo foi associado ao aumento do risco de aborto mas não foi capaz de detectar um efeito da cafeína entre fumantes".

"Talvez, o efeito do fumo materno possa ocultar um efeito da cafeína sobre o risco de aborto", sugeriram os pesquisadores.

"Como o fumo aumenta a taxa de eliminação da cafeína, os não fumantes poderiam ser particularmente suscetíveis aos efeitos da substância", acrescentaram os autores.

Outros fatores podem ter influenciado os resultados. Por exemplo, o café preparado na Suécia tem concentrações particularmente altas de cafeína e outros componentes que poderiam estar relacionados ao aborto independente de qualquer efeito da cafeína.

"Em consequência das limitações deste estudo e dos resultados confusos de pesquisas anteriores os resultados devem ser interpretados cautelosamente. Mas reduzir o consumo de cafeína no início da gravidez pode ser prudente", concluíram os cientistas.

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