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Brasil: Transplante de Pulmão Inédito é Realizado no Sul

São Paulo, 24 de Novembro de 2000(eHLA). A bióloga Branca Gutierrez foi submetida a um transplante duplo de pulmão, ontem, em Porto Alegre. Ela tinha fibrose cística, doença genética que provoca infecção pulmonar crônica. Em alguns anos, a doença compromete pulmões e o aparelho digestivo, levando à morte. Branca é a paciente de maior sobrevida no Brasil. Nenhum portador brasileiro de fibrose cística havia passado dos 30 anos. Foi a primeira operação desse tipo em um adulto no país. A doença pode ser diagnosticada precocemente através do teste do pezinho. Branca, de 33 anos, recebeu os órgãos durante a madrugada desta quarta-feira e passa bem. De acordo com o médico responsável pelo transplante, José Camargo, o quadro clínico dela é estável. “A paciente deve permanecer por mais 10 dias internada na UTI do Hospital Santa Casa”, afirma Camargo. Natural do Rio de Janeiro, Branca esperava há dois anos na fila para um transplante. O transplante passa a ser uma esperança para os 2 mil brasileiros que têm a doença.

Fibrose Cística

A fibrose cística é uma doença genética causada por um distúrbio nas secreções de algumas glândulas e não tem cura. Os principais órgãos afetados são os pulmões e o aparelho digestivo. Os sintomas são complicações hepáticas que geram tosse, catarro, chiado no peito, diarréia crônica, diminuição de peso e suor mais salgado do que o normal. A criança desenvolve a doença quando ambos os pais são portadores do gene, nesse caso, o bebê tem 25% de chances de ser portador. O tratamento consiste em tomar enzimas para facilitar a digestão e seguir uma dieta rica em calorias, vitaminas e sais minerais, além de realizar fisioterapia respiratória e usar antibióticos para prevenir complicações pulmonares. Todo o tratamento custa R$ 3 mil reais mensais. No Brasil, segundo dados da Associação Gaúcha de Assistência à Mucoviscidose (Fibrose Cística) - Agam - 1,5 mil pessoas sofrem da doença e na década de 60, os portadores não chegavam à adolescência. Atualmente, a expectativa de vida é de 31 anos se a doença for diagnosticada cedo, e a pessoa seguir corretamente o tratamento. Por isso, os médicos recomendam o teste do pezinho aos recém-nascidos. Dados da Associação Gaúcha de Assistência à Mucoviscidose (Fibrose Cística).

A Santa Casa de Porto Alegre comemora o 100º transplante de pulmão

O hospital já realizou, desde 1989, uma média de nove transplantes por ano. É a única instituição da América Latina a atingir este número. Ao longo de 2000, os cirurgiões da Santa Casa realizaram 184 transplantes, 13 deles de pulmão. Conforme a pneumologista clínica da equipe de transplantes pulmonares da Santa Casa, Marlova Caramoni, o reduzido número de transplantes pulmonares se deve ao fato de o pulmão ser um órgão mais vulnerável que os demais. Em média, segundo ela, apenas 20% dos pulmões dos doadores são aproveitados.

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