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Droga para Asma Pode Causar Osteoporose em Até 50% dos Doentes

SÃO PAULO (Reuters) - A osteoporose é a doença menos tratada e prevenida em pessoas suscetíveis, principalmente em pacientes com asma, que estão sob grande risco de sofrer enfraquecimento ósseo por causa de drogas usadas no tratamento padrão. O alerta foi feito em São Paulo pelo alergista Richard Lockey, da Escola de Medicina da Universidade de South Florida, Estados Unidos.

"Cerca de 30 a 50 por cento dos pacientes crônicos sob terapia sistêmica de corticosteróides (droga antiinflamatória tradicionalmente usada para tratar asma) sofrem de osteoporose", afirmou Lockey à Reuters.

O alergista apresentou evidências sobre a relação entre drogas para tratar asma e osteoporose no domingo, durante o 27o. Congresso Brasileiro de Alergia e Imunopatologia, que vai até o dia 15, em São Paulo.

"Os médicos têm que tratar a asma, mas controlar e prevenir o risco de osteoporose", alertou Lockey.

De acordo com Lockey, contribuem para o desenvolvimento da osteoporose fatores como gênero, raça, histórico familiar, sedentarismo, fumo, menopausa precoce, consumo excessivo de álcool, entre outros.

Lockey acrescentou que o risco da doença é aumentado por medicamentos e doenças que inibem a formação óssea, sendo o tratamento oral de corticosteróides a causa mais comum.

O alergista explicou que esses medicamentos causam efeitos nocivos aos ossos, diminuindo a absorção de cálcio e fosfato, importantes na manutenção da saúde óssea, inibindo a proliferação e a função do osteoblastos, células formadoras de ossos, e reduzindo os níveis de hormônios sexuais que protegem os ossos.

"Qualquer pessoa sob terapia de corticosteróides está sob risco de osteoporose, independentemente de idade, etnia, gênero ou outros fatores de risco da doença", afirmou o alergista.

Lockey destacou que o tratamento sistêmico, em doses orais, é o mais perigoso. "A terapia de corticosteróides inalada é mais segura do que a sistêmica", disse o alergista.

Lockey explicou que um ponto importante na associação entre corticosteróides e osteoporose é a dose cumulativa da droga no organismo, mais marcante na terapia sistêmica.

"Os médicos devem ter consciência do problema. Eles devem realizar exames em seus pacientes e reduzir o uso e as doses de corticosteróides o máximo possível para fornecer a droga da melhor maneira, preservando a saúde e a qualidade de vida dos pacientes", alertou Lockey.

MÉDICOS NO BRASIL COMEÇAM A AVALIAR RISCOS

"Nunca se deu muita importância à associação entre corticosteróides e o risco de osteoporose. Hoje em dia que os médicos estão começando a dar mais atenção à prevenção desta doença", disse a endocrinologista Marise Lazaretti, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Segundo Lazaretti, pesquisas têm demonstrado que a prevalência de fraturas ósseas entre pacientes sob tratamento de corticóides -- entre eles os corticosteróides -- é tão alta que acaba provocando problemas graves e sequelas no paciente.

"É importante que os médicos façam avaliações de medida de massa óssea nestes pacientes para prevenir a osteoporose, tomando medidas básicas como o aumento de ingestão de cálcio e vitamina D e estímulo de atividade física para pacientes sob risco, e garantir sua qualidade de vida", disse Lazaretti.

Sinopse preparada por Reuters Health

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