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Oncologistas Negligenciam Efeitos da Fadiga na Quimioterapia

Por Suzanne Rostler

NOVA YORK (Reuters Health) - A náusea, os vômitos e a queda de cabelos que geralmente acompanham a quimioterapia são bem conhecidas. Mas, enquanto os médicos discutem como ajudar os pacientes a lidar com esses problemas, eles muitas vezes estão sofrendo os devastadores efeitos da fadiga.

A fadiga associada ao câncer pode ser grave o bastante para fazer com pacientes alterem suas rotinas e abandonem seus empregos. Muitos ficam deprimidos e pararam de relacionar-se com os demais, de acordo com Gregory A. Curt, do Instituto Nacional do Câncer, em Bethesda, Maryland, e sua equipe.

Em entrevistas com 379 pacientes submetidos a quimioterapia, os pesquisadores mostram que 76 por cento sente fadiga alguns dias por mês e 30 por cento, diariamente. Pacientes que se sentem cansados tendem a sofrer dor e depressão. Em muitos casos, o nível de fadiga compromete as atividades diárias.

Por exemplo, 91 por cento disseram que ela os impedia de levar uma vida normal e 88 por cento, que ela os fizera alterar sua rotina. Além disso, 65 por cento disseram que sua fadiga obrigou aquele que o cuida, geralmente um cônjuge, a faltar pelo menos um dia no emprego. Cerca de 12 por cento afirmaram que seu cuidador teve de tirar uma licença não remunerada ou teve de parar de trabalhar. Mais de 20 por cento dos pacientes pararam de trabalhar completamente ou passaram a receber pensão, de acordo com a pesquisa publicada este mês na The Oncologist.

"Diante do impacto da fadiga, deve-se sempre ter em mente opções de tratamento", afirmam os autores. Mas, geralmente, os médicos não discutem a fadiga e nem conseguem perceber que ela interfere na vida do paciente, como Russell K. Portenoy, do Centro Médico Beth Israel, de Nova York City, observa em editorial.

De acordo com ele, os médicos não são treinados para reconhecer a fadiga, mas sim para se concentrar em problemas como dor, náuseas e perda de peso. Além disso, os pacientes podem não se queixar ou pensar que a fadiga é normal no seu caso um efeito colateral que não pode ser tratado.

"É preciso fazer mais pesquisas para estabelecer a segurança e eficácia dos tratamentos disso", afirmou Portenoy. "Quando essas estratégias estiverem bem mais estabelecidas, os médicos terão mais chances de abordar o problema de forma sistemática."

Sinopse preparada por Reuters Health

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