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Medida Determina Padrão de Qualidade de Ar em Prédios

SÃO PAULO (Reuters) - As Agências de Vigilância Sanitária municipais e estaduais do país têm agora em mãos uma nova arma para avaliar se o ar em edifícios com sistema de ar condicionado está prejudicando ou não a saúde das pessoas.

A Resolução no. 176 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde, publicada no "Diário Oficial" da União na semana passada, determinou padrões de qualidade do ar para ambientes públicos climatizados artificialmente.

"A definição de parâmetros é importante, pois a qualidade do ar em ambientes fechados está diretamente relacionada à incidência de doenças de ambientes interiores", disse o arquiteto Flávio de Casto Bicalho, da Gerência-Geral de Tecnologia de Serviço de Saúde, da Anvisa.

As doenças de ambientes interiores -- como rinite, sinusite, conjuntivite e dermatite -- estão relacionadas à contaminação do ambiente fechado por poluentes, especialmente os biológicos, explicou o microbiologista Luiz Fernando Góes Siqueira.

"Estas doenças são extremamente comuns no Brasil", alertou Siqueira, que é professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

De acordo com o microbiologista, uma pesquisa de 1999 realizada em prédios de diversas capitais do país apontou que 23,6 por cento dos ambientes em edifícios de Brasília iam de regulares a ruins. No Rio de Janeiro, o índice foi de 16,2 por cento e em São Paulo, de 12,4 por cento.

Siqueira afirmou que ambientes fechados climatizados artificialmente amplificam o número de microorganismos. "Caso não seja feita uma limpeza regular, os sistemas de ar condicionado aumentam milhares de vezes o número de microorganismos que vão agredir o ser humano", disse Siqueira.

O microbiologista destacou que a contaminação de ambientes fechados é um problema higiênico-sanitário e que, portanto, pode ser prevenida. "Com a limpeza e a manutenção adequadas dos sistemas de ar condicionado, por exemplo, a proliferação de microorganismos e a incidência de doenças podem ser evitadas", disse Siqueira. DEFINIÇÃO DE PADRÕES

A resolução da Anvisa determina o índice máximo de fungos presentes no ar -- 750 ufc/m2 (unidades formadoras de colônia por metro quadrado).

Segundo Siqueira, os fungos são os principais responsáveis por processos alergênicos. Flávio Bicalho acrescentou que estes microorganismos são "um importante marcador, indicando se existem ou não outros problemas".

Além disso, em relação à contaminação química, a resolução define a quantidade máxima de gás carbônico do ar de 1.000 ppm (partes por milhão) e nível de poeira limite de 80 mg/m3 (microgramas por metro cúbico). A resolução determina ainda padrões físicos de temperatura, umidade e velocidade do ar de interiores.

"Os parâmetros químicos e físicos indicam condições de confortabilidade do ambiente, ou seja, determinam limites que não agridem o ser humano", explicou Siqueira.

O microbiologista avaliou que a nova resolução consiste em um marco na política de saúde do país.

"O grande avanço da resolução é seu caráter preventivo, pois preza pela qualidade de vida do cidadão, evitando que ele adoeça", disse Siqueira.

Sinopse preparada por Reuters Health

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