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Doença de Crohn – complicações intestinais

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Introdução
- Quais as complicações locais da doença de Crohn?

Introdução

As complicações da doença de Crohn e da colite ulcerativa, conjuntamente conhecidas como doenças inflamatórias intestinais, são classificadas, geralmente, como locais ou sistêmicas. O nome "local" se refere às complicações que ocorrem no próprio trato gastrintestinal. Já as complicações sistêmicas (ou extraintestinais) são aquelas que envolvem outros órgãos ou todo o organismo ao mesmo tempo. Algumas complicações intestinais da doença inflamatória intestinal ocorrem tanto em pacientes com doença de Crohn, quanto em indivíduos portadores de colite ulcerativa, embora possam ocorrer mais frequentemente em um dos dois tipos de doença. Sabemos que nem todos os pacientes com doença inflamatória intestinal desenvolvem complicações intestinais decorrentes da doença, porém o reconhecimento precoce – e o início rápido de tratamento adequado – são elementos importantes no manejo desses pacientes.

As complicações não são inevitáveis, nem freqüentes, principalmente em pacientes tratados de forma adequada. No entanto, elas se associam a um grande número de manifestações clínicas, sendo suficientemente comuns para que se torne importante que, tanto o médico quanto o paciente, estejam informados sobre elas. A identificação precoce, freqüentemente significa um tratamento mais eficaz.

As complicações intestinais das doenças inflamatórias intestinais costumam ocorrer quando o processo inflamatório que acomete o intestino:

  • É grave;
  • Estende-se além da camada superficial da mucosa intestinal;
  • É disseminado;
  • É crônico, ou seja, de longa duração.

Quais as complicações locais da doença de Crohn?

  • Obstrução Intestinal: é a complicação mais comumente desenvolvida pelos pacientes com doença de Crohn, resultando de inchaço na parede do intestino e da formação de tecidos cicatriciais. O resultado desses eventos é o espessamento da parede intestinal, levando ao estreitamento da cavidade do intestino. Essas regiões de estreitamento são chamadas de estenoses. Esses estreitamentos podem ser leves ou graves, dependendo do grau de obstrução da passagem do conteúdo intestinal. Os sintomas de obstrução intestinal incluem dor abdominal em cólica, frequentemente associada a vômitos, e distensão abdominal (aumento do volume abdominal). Os medicamentos podem ajudar a aliviar a obstrução, por meio da redução da inflamação no local do estreitamento. Se a obstrução é grave e não responde aos medicamentos empregados, a cirurgia pode ser necessária. O tratamento cirúrgico pode ser necessário, principalmente quando a obstrução recorre várias vezes.
  • Abscessos: um abscesso é uma coleção localizada de pus, causada por infecções bacterianas. É uma complicação mais frequentemente desenvolvida por pacientes portadores de doença de Crohn, do que de colite ulcerativa. O abscesso pode-se formar na parede intestinal – às vezes fazendo saliência para dentro da cavidade intestinal. Abscessos visíveis, como aqueles que surgem na região ao redor do ânus, podem ter aparência semelhante a um furúnculo, necessitando muitas vezes de tratamento com drenagem cirúrgica. Os sintomas de abscesso são: inchaço no local, hipersensibilidade, dor e febre. Uma vez que o abscesso é drenado, os sintomas desaparecem. Geralmente, são empregados também antibióticos para eliminar qualquer foco de infecção restante.
  • Fístulas: feridas profundas ou úlceras que acometem o trato gastrintestinal podem acabar levando ao desenvolvimento de canais que comunicam diferentes porções do intestino. Esses canais, ou vias de comunicação, são chamado de fístulas. Além disso, as fístulas também podem fazer comunicação entre o intestino e a vagina, a bexiga ou a pele. Essas passagens anormais, que ocorrem em aproximadamente 30% dos pacientes com doença de Crohn, frequentemente tornam-se infectadas. Quando a fístula é pequena, antibióticos e outros medicamentos podem ser empregados de maneira eficaz, não sendo necessária outra abordagem. Porém, nos casos de múltiplas fístulas ou de fístulas grandes, a cirurgia geralmente é necessária, principalmente se elas causam sintomas persistentes.
  • Fissuras: as fissuras são rupturas ou fendas que ocorrem na mucosa do ânus, podendo ser superficiais ou profundas. Ao contrário das fístulas, as fissuras ocorrem apenas na região ao redor do ânus. As fissuras podem ser causas de dor retal leve a grave, bem como sangramento, principalmente durante a ocorrência de movimentos intestinais. As fissuras anais são, de maneira geral, tratadas com o emprego de medicamentos na forma de pomadas ou com banhos de assento.
  • Má absorção e desnutrição: outra complicação observada em pacientes portadores de doença de Crohn relaciona-se às deficiências de nutrientes, como as proteínas, as vitaminas e as gorduras. A doença de Crohn, normalmente, afeta o intestino delgado, local onde ocorre grande parte da absorção dos nutrientes ingeridos na dieta. A má absorção e a desnutrição, geralmente não se desenvolvem até o momento em que a doença seja extensa e de longa duração – condições que podem contribuir para a ingestão alimentar inadequada, a perda intestinal de proteínas e a má absorção de nutrientes. O tratamento médico é, normalmente, eficaz na reposição dos nutrientes.
  • Diarréia devida aos sais biliares: o íleo, ou porção final do intestino delgado, é a porção do intestino mais comumente acometida pela doença de Crohn. Essa região é a principal responsável pela reabsorção dos sais biliares, que são compostos que ajudam a transportar e reabsorver as gorduras. Eles são componentes da bile, sendo liberados na luz intestinal e reabsorvidos intactos (reciclagem). Com o acometimento ileal, eles não são reabsorvidos, sendo eliminados nas fezes. Com a deficiência desses sais, a resultante é a má absorção de gorduras e a piora da diarréia. O tratamento desse tipo de diarréia é feito com um medicamento chamado colestiramina, que se liga aos sais biliares.
  • Supercrescimento bacteriano no intestino delgado: nessa condição, observa-se um número excessivamente aumentado de bactérias na luz do intestino delgado. Essas bactérias quebram ou digerem os alimentos mais do que o normal, no trato gastrintestinal – um processo que resulta em produção aumentada de gás, dor abdominal, distensão abdominal e diarréia. O supercrescimento bacteriano, que também pode ocorrer na colite ulcerativa, geralmente se resolve após o uso de antibióticos adequados.

Copyright © 2008 Bibliomed, Inc.                                        30 de janeiro de 2008.