Artigos de saúde

Segurança no trânsito: questão de saúde pública

Neste artigo:

- Introdução
- Ingestão de bebidas alcoólicas está diretamente ligada aos acidentes
- Você sabia?

"No período de um ano, Brasil registra mais de 32 mil mortes no trânsito. Ministério da Saúde incentiva ações que fortaleçam a prevenção de acidentes em ruas e estradas"

Introdução

O Brasil gasta, em média, R$ 5,3 bilhões por ano com acidentes de trânsito. Desse total, 16% são destinados à assistência médica. Por trás dos números revelados por estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), realizado em 2001, está o drama vivido pelas milhares de pessoas que, a cada ano, têm suas vidas afetadas por esse tipo de acidente. Diante desse quadro, a prevenção de mortes e seqüelas provocadas por acidentes nas ruas e estradas brasileiras passou a fazer parte das preocupações das autoridades de saúde, que vêm buscando formas de contribuir para a redução da violência no trânsito.

O número elevado de vítimas fatais em acidentes de trânsito levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a definir o tema como principal ponto de discussão no Dia Mundial da Saúde, comemorando em 7 de abril de 2004. Com isso, buscou-se incentivar a reflexão sobre os reais impactos e custos provocados pelas mortes no trânsito. O debate oferece a oportunidade de conhecer as principais causas dos acidentes, para que, dessa forma, novas campanhas educativas e ações preventivas sejam lançadas.

Segundo dados da OMS, divulgados em 2003, com base em informações de 2001, os acidentes de trânsito lideraram as estatísticas mundiais de mortes violentas por causas externas, com 1,2 milhão de vítimas. Em segundo lugar está o homicídio, responsável por 600 mil mortes.

No Brasil, os acidentes de trânsito provocaram, em 2002, a morte de 32.730 pessoas, de acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. Isso representa 25,7% de todas as mortes por causas externas registradas naquele ano. Do total dos óbitos, a maioria ocorreu entre homens (26.679 mortes, ou 81,5%). Outro dado que chama a atenção da SVS é que, do total das mortes entre os homens naquele ano, a maior concentração – 44,2% – localiza-se numa faixa etária em que as vítimas estão em fase produtiva, que é a dos 20 aos 39 anos.

Prêmio – Uma forma encontrada pelo Ministério da Saúde para contribuir com a redução dos acidentes de trânsito foi a criação do Prêmio de Incentivo para Experiências Bem-Sucedidas em Prevenção de Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito. O concurso foi lançado no final do ano passado, em parceria com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Os vencedores da primeira edição foram conhecidos ontem, em cerimônia que reuniu várias autoridades. Três experiências receberam o prêmio de R$ 21 mil cada.

Entre os vencedores, estão iniciativas que buscam desde o envolvimento de toda a comunidade para a redução dos acidentes até a conscientização de um público-alvo específico. Um deles trabalha com a parceria do município de Sobral, no interior do Ceará, com a população da cidade. Outro veio de Curitiba, Paraná. É um projeto de educação e segurança para motociclistas. De Recife, Pernambuco, foi premiada uma experiência que colocou em discussão o envolvimento da bebida alcoólica com os acidentes de trânsito.

Na avaliação da coordenadora da área de Vigilância de Acidentes do Ministério da Saúde, Eugênia Rodrigues, o prêmio reuniu experiências interessantes. "Nós tivemos alguns projetos que envolvem ações de capacitação, planejamento urbano e também de mobilização social", assinala. Além de reconhecer e premiar instituições que realizam ações voltadas para a prevenção de acidentes de trânsito, o prêmio pretende divulgar essas experiências, estimulando o intercâmbio entre gestores.

Ingestão de bebidas alcoólicas está diretamente ligada aos acidentes

Álcool e direção não combinam. Uma pesquisa, realizada pela Associação Brasileira de Detrans (Abdetran) em quatro grandes capitais brasileiras (Brasília, Curitiba, Salvador e Recife), no ano de 2001, apresentou resultados preocupantes: 61% das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito tinham ingerido bebida alcoólica. No estudo, Brasília apareceu como a recordista, com 77,4% dos casos.

A pesquisa também revelou que o jovem é sempre a maior vítima e que a maioria dos acidentes fatais acontece no final de semana, principalmente nas noites de sábado. As reações provocadas no organismo pelo consumo de álcool são variadas. O sistema nervoso é alterado, podendo passar da euforia e excesso de confiança para a depressão total. Os reflexos, perigosamente comprometidos, tornam-se lentos, interferindo na capacidade de avaliar riscos e dirigir com segurança.

Para Fernando Pedrosa, especialista em prevenção e segurança no trânsito, conduzir um veículo é tarefa que requer habilidade e prudência. "Esses requisitos são facilmente anulados após o motorista ter ingerido bebida alcoólica", explica.

Além do uso abusivo de álcool, outros fatores fazem com que as pessoas corram maior risco de se envolver em um acidente de trânsito. Segundo a Coordenação-Geral de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde, as condições das vias, a alta velocidade e as condições precárias dos veículos são freqüentemente associadas aos acidentes.

Você sabia?

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, a concentração de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue comprova que o condutor está alcoolizado. Todo motorista em estado de embriaguez, mesmo leve, compromete gravemente a sua segurança e a dos usuários da via.

Dirigir bêbado é crime. A multa é considerada gravíssima, no valor de R$ 957,69. O infrator ganha sete pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação), tem o direito de dirigir suspenso e pode até ser preso por um período que varia de seis meses a três anos.

Fonte: Ministério da Saúde

Copyright © 2004 Bibliomed, Inc.                                        15 de Abril de 2004.