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Tratamento Para a Bulimia

Esse transtorno alimentar tem etiologia desconhecida, sendo comum em mulheres; é caracterizado por hiperingestão e purgação associadas a distúrbios do humor e anormalidades neuroendócrinas.

Os pacientes bulímicos referem hiperingestão que vai de duas a 20 vezes por semana, sendo que 50% hiperingerem diariamente e um terço hiperingere várias vezes ao dia. Três quartos purgam diariamente e 50% purgam muitas vezes ao dia.

Até um terço dos pacientes bulímicos tem história de anorexia nervosa. Aproximadamente um terço usa laxativos. Cada hiperingestão pode ser seguida por humor depressivo, autocrítica e provocação de vômito.

Existe também uma subpopulação de pacientes com bulimia nervosa que hiperingere regularmente sem que ocorram quadros de purgação.

Uma minoria de pacientes tem uma coexistência com anorexia nervosa (variante bulimia-anorexia nervosa), com pior prognóstico do que aqueles somente com bulimia nervosa. Estes se apresentam com um peso corporal baixo e outras características típicas, como medo de engordar, muito exercício e amenorréia.

Tipicamente, todos os pacientes bulímicos têm uma história de inúmeras dietas rigorosas ou de modismo, pontuada por episódios recorrentes de hiperingestão e preocupação persistente com estética e peso.

Transtorno depressivo maior, bem como abuso de drogas ou álcool, coexistem freqüentemente e em grande número desses pacientes.

Terapia com Drogas para Bulimia Nervosa: As tentativas de tratamento da bulimia nervosa com farmacoterapia têm sido tão frustrantes como as da anorexia nervosa. A maioria das investigações tem tentado avaliar a possível eficácia de:

• Anticonvulsivantes (p. ex., fenitoína, carbamazepina)

• ATC (p. ex., imipramina, desipramina, amitriptilina)

• AHC recentes (p. ex., bupropion, mianserina, trazadona)

• IMAO (p. ex., isocarboxazida, fenelzina)

• IRS (p. ex., fluoxetina)

• Lítio

A maioria dos estudos foi do tipo aberto e nenhum destes, nem os estudos controlados duplo-cegos, mostrou evidência alguma de melhora, mesmo que mínima, em alguns desses pacientes.

De qualquer forma, alguns ensaios controlados mostraram que os AHC são mais efetivos que o placebo em reduzir a freqüência de superingestão de alimentos e a intensidade de alguns sintomas da bulimia nervosa. Existe alguma evidência de que o mesmo ocorra com a fluoxetina.

Um estudo controlado sugeriu que até 60 mg/dia de fluoxetina teriam efeito significativo quando comparados ao placebo. Um estudo aberto a longo prazo (mais de três meses) também apresentou dados indicando que a fluoxetina pode reduzir significativamente a freqüência de hiperingestão e purgação.

Deve-se notar que, quando os AD também foram efetivos, isso ocorreu com o paciente estando deprimido ou não, sugerindo que a diminuição dos sintomas bulímicos pode não ser devida à ação antidepressiva das drogas, mas sim a uma expressão do efeito direto no mecanismo cerebral que controla a alimentação.

Não existem evidências de que essas drogas tenham um impacto em atitudes alteradas sobre a estética, peso ou tentativas extremas de emagrecer.

Não existem estudos que mostrem a duração da melhora com o uso de AD para a bulimia nervosa e um estudo existente não se mostra muito encorajador. Logo, qualquer benefício parece ter vida curta.

Até que se tenha mostrado que os AD têm mais do que um efeito transitório e seletivo, o seu lugar no tratamento da bulimia nervosa deve ser questionado.

Fonte: Princípios e Práticas em Psicofarmacoterapia - 1ª. Ed. - 1996

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