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Por Merrit Mckinney
NOVA YORK (Reuters Health) - Um tipo de transplante de células-tronco usado para tratar algumas formas de câncer no sangue parece promissor para pessoas com câncer no rim em estágio avançado, conforme resultados de um pequeno estudo.
O tratamento experimental foi capaz de reduzir, ou em alguns casos até eliminar, tumores em cerca de metade dos pacientes que tinham carcinoma renal em estágio avançado, o tipo mais comum de câncer do rim.
O chefe da equipe de pesquisa disse à Reuters Health que são necessárias mais pesquisas para tornar o tratamento mais seguro, já que duas pessoas morreram de complicações relacionadas ao transplante.
Um total de 19 pacientes que não tiveram nenhum outro tratamento-padrão, passaram pelo procedimento. Sete tiveram pelo menos alguma redução dos tumores que haviam se espalhado a partir do câncer original e três tiveram desaparecimento completo dos tumores que podem se formar em linfonodos, glândulas, fígado, ossos, pulmões e outros lugares.
Nove pacientes ainda estavam vivos entre 287 e 831 dias depois do transplante, conforme relato publicado na edição de setembro do New England Journal of Medicine.
Quando carcinoma renal se espalha ou provoca metástase para outras partes do corpo o prognóstico não é bom e a média de sobrevivência é de cerca de um ano. Embora a quimioterapia raramente seja efetiva contra metástase do carcinoma renal, tratamentos com drogas como interleucina-2 e alfa-interferon ajudam algumas pessoas doentes.
Conforme Richard Childs, do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue em Bethesda (Maryland), o tratamento falhou em algumas pessoas e o carcinoma renal é normalmente considerado uma doença incurável.
Childs disse, em entrevista, que o transplante de células-tronco é efetivo para algumas formas de leucemia e parece ser benéfico para pessoas com metástase do carcinoma renal.
As células-tronco são células imaturas que circulam no sangue e podem dar origem a qualquer tipo de célula, no caso do sangue ou do sistema imune.
Durante um transplante normal de células-tronco do sangue, altas doses de quimioterapia são usadas para limpar o sistema imune do paciente com câncer. Depois, as células-tronco e as células imunes são coletadas de um doador da família e transplantadas, explicou Childs.
Conforme o pesquisador, a esperança é que as células-tronco "peguem" nos receptores, permitindo que o corpo promova uma guerra contra o câncer assim como faz contra infecções.
Childs informou que o problema com esse tipo de procedimento é que cerca de 30 por cento dos receptores morrem em consequência de infecções ou complicações relacionadas ao transplante enquanto esperam que o corpo reconstrua o sistema imune usando as células transplantadas.
Mas um procedimento relativamente novo, que usa baixas doses de quimioterapia e tratamento de curto prazo com drogas imunossupressoras para enfraquecer em vez de destruir as defesas do corpo, teve sucesso no tratamento de algumas formas de leucemia.
A equipe de pesquisadores descobriu que o transplante de células-tronco modificadas diminui o crescimento do câncer em algumas pessoas com câncer renal que tiveram metástase. Mas Childs observa que os benefícios do tratamento não são imediatos.
Mesmo pacientes que eventualmente tiveram sucesso com o tratamento, tiveram crescimento dos tumores imediatamente após o transplante quando o sistema imune ainda estava fraco. Em média, a regressão dos tumores não aconteceu antes dos quatros meses, já que o sistema imune dos pacientes precisou de tempo para se reconstruir. Segundo Childs, neste momento os médicos puderam parar de dar drogas imunossupressoras.
O tratamento variou em cada paciente com alguns recebendo células do sistema imune adicionais depois do transplante inicial.
Apesar do sucesso, o transplante de células-tronco modificadas não está livre de riscos. Dois receptores morreram de causas relacionadas ao transplante. Os autores concluíram que o transplante "deveria permanecer como uma possibilidade de investigação até que esteja mais aperfeiçoado".
"Este relato abre novas possibilidades terapêuticas não apenas para metástase em câncer renal mas também para outros tumores sólidos que são resistentes à quimioterapia convencional ou à radioterapia", Shimon Slavin do Hospital Universitário Hadassah, em Jerusalém (Israel), escreveu em editorial que acompanha o estudo.
Slavin apontou que os benefícios do tratamento duraram pouco tempo em alguns casos e que muitos receptores tiveram a complicação potencialmente fatal chamada doença do enxerto contra o hospedeiro, além de dois pacientes terem morrido depois do transplante.
"Claramente, o procedimento precisa um aperfeiçoamento maior para minimizar as complicações e melhorar sua eficácia", concluiu o editorialista.
Sinopse preparada por Reuters Health
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