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Por E. J. Mundell
NOVA YORK (Reuters Health) - Milhões de mulheres infectadas com HIV nos países em desenvolvimento apresentam risco de passar o vírus a seus filhos durante o parto. Agora, pesquisadores da Argentina afirmam que um novo método para cesariana pode ajudar a reduzir as taxas de transmissão de mãe para filho a cerca de 2 por cento.
A técnica, chamada de cesariana hemostática, "certamente poderá salvar muitas vidas", disse Bruce Flamm, ginecologista e obstetra e especialista em cesariana, do Centro Médico Kaiser Permanente em Riverside, Califórnia.
À medida que o feto se desenvolve, o ambiente uterino estéril ajuda a protegê-lo da maioria das infecções maternas, incluindo o HIV. No entanto, a presença de sangue da mãe durante o parto vaginal ou cesariano aumenta o risco do recém-nascido contrair HIV da parturiente infectada.
Na verdade, sem terapia apropriada, até 50 por cento dos bebês nascidos de mães infectadas apresentam resultado positivo no teste do HIV.
A transmissão do vírus pode ocorrer antes do nascimento ou através do leite materno após o nascimento. Mas cerca de 70 por cento das infecções acontecem durante o parto.
Dar às mulheres grávidas drogas que combatem o HIV antes ou durante o parto ou usar medicamentos similares em recém-nascidos sob risco pode diminuir as taxas de infecção a cerca de 8 por cento. Muitas mulheres em países pobres, no entanto, não têm acesso a estes medicamentos relativamente caros.
Em um estudo apresentado na 13a. Conferência Internacional em Aids, em Durban, na África do Sul, Mario Pesaresi explicou o processo por trás da cesariana hemostática ("que detém o sangue").
Utilizando esse método, obstetras prendem e suturam o comprimento da parede uterina adjacente à incisão cesariana -- minimizando drasticamente o fluxo de sangue na área. Os cirurgiões também tomam cuidado para manter o saco amniótico, que envolve o feto, intacto durante este procedimento, abrindo-o somente quando eles estão prontos para prosseguir com o parto.
O resultado é o contato mínimo entre o sangue materno e o recém-nascido.
Pesaresi disse que a técnica -- especialmente quando usada em combinação com terapia de drogas anti-retrovirais -- reduz o risco de transmissão de HIV de mãe para filho a níveis tão baixos como 2 por cento.
A técnica, que ele descreveu como "muito fácil de ser realizada", poderá ser um método valioso de deter a Aids "em países onde não é possível ter drogas anti-retrovirais".
Flamm concordou com o pesquisador argentino. Ele disse que a técnica exige algum treinamento, mas que por outro lado, demanda pouco em termos de equipamento obstétrico adicional.
Ele também destacou que as taxas de cesariana em muitos países pobres -- especialmente na Ásia e América do Sul -- já são muito altas. Por exemplo, 40 por cento das gestantes argentinas são submetidas a cesarianas, comparadas a 22 por cento nos Estados Unidos.
Muitos especialistas acreditam que as taxas de cesariana atuais são muito altas, no entanto, Flamm observa que, no caso de mulheres HIV positivo, "pode haver algumas razões muito justificáveis para fazer a operação".
A cesariana hemostática já foi apresentada em diversos encontros internacionais e Pesaresi afirma que seu uso está se expandindo em países em desenvolvimento. "Em meu país, ela foi levada a cabo em diversas províncias", disse Pesaresi, "e tenho sido convidado a enriquecer a informação (sobre a técnica) para começar sua prática na Venezuela, Tailândia, Espanha, Ucrânia e África do Sul".
Sinopse preparada por Reuters Health
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