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Campanhas televisivas de prevenção às drogas não são eficientes, revela estudo

12 de Junho de 2003 (Bibliomed). As campanhas contra o uso de drogas veiculadas na TV têm uma abordagem ingênua e superficial, ignoram as raízes do problema e não esclarecem sobre a prevenção ou o tratamento de dependentes. A conclusão é da dissertação de mestrado intitulada “Análise do discurso da propaganda de prevenção às drogas”, apresentada em abril deste ano no Departamento de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, na área de lingüística e semiótica.

Para realizar o estudo, a professora da PUC de Curitiba, Arlene Lopes Sant'Anna, analisou 20 anúncios veiculados na televisão em 1996 e 1997. Segundo a pesquisadora, o tipo de discurso utilizado naquela época é o mesmo usado até hoje. “Todos os anúncios mostram jovens saudáveis, com profissões, lazeres, práticas esportivas, objetivos de vida e cenários que representam uma camada social privilegiada. Se o objetivo da campanha é coibir o uso de drogas, isso é uma contradição, pois o problema é muito mais acentuado entre os jovens pobres”, disse, acrescentando que mais de 60% das pessoas que se informam através da TV são das classes C e D, segundo dados do IBGE.

Além do problema do direcionamento, a pesquisadora constatou que a campanha utiliza um discurso autoritário, empregando a manipulação por intimidação. As drogas são colocadas como um vilão que subverte o comportamento de indivíduos e instala o caos em todos os níveis da sociedade. “As drogas são mostradas como se surgissem do nada, como se tivessem vida própria e buscassem a próxima vítima. Funciona como uma punição, um bicho papão que vai pegar os jovens que não se comportarem. Essas estratégias são infantis, um tanto superficiais, pobres de conteúdo e ineficientes para alcançar o objetivo desejado”, criticou.

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