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11 de Fevereiro de 2003 (Bibliomed). Era bom demais para ser verdade: ovos com até 40% menos colesterol. A propaganda exibida nas embalagens do produto chamou a atenção de consumidores preocupados em ter uma vida mais saudável e do professor Cássio Xavier de Mendonça Jr., vice-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, especialista em nutrição e doenças nutricionais de aves, que decidiu estudar a composição de dez marcas diferentes desses ovos ditos ‘sem colesterol’.
O professor conta que, desde 1989, tem pesquisado alternativas para a redução do colesterol dos ovos e seu enriquecimento com vitaminas A e E e com ômega-3, um tipo de gordura ou ácido graxo poliinsaturado que traz inúmeros benefícios para a saúde, especialmente para o coração, na prevenção de certos tipos de câncer e no desenvolvimento do sistema nervoso das crianças. “Entretanto, nossas pesquisas, baseadas em alterações da dieta das galinhas, proporcionaram uma redução máxima de 15% do colesterol, ou seja, de 215 miligramas por ovo, concentração tida como normal, para 183, o que é pouco significativo e muito longe do que está sendo divulgado nas embalagens”, disse.
Mendonça alerta que uma redução maior do colesterol que o patamar dos 15% a 20% é muito difícil. Isso porque a redução drástica de seus valores no ovo poderia trazer conseqüências sérias para o metabolismo das aves, resultando em elevada mortalidade e parada na produção de ovos, o que inviabilizaria economicamente esse procedimento.
Com base no estudo realizado por Mendonça, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento suspendeu, no dia 16 de janeiro, a comercialização de ovos cujas embalagens trazem propagandas que afirmam que esses produtos apresentam quantidades menores de colesterol que o normal.
As empresas que vendem o produto têm, no máximo, 30 dias para retirá-lo do mercado. Para acabar com as discrepâncias, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) está elaborando um regulamento técnico com os padrões de qualidade e identidade dos ovos ‘sem colesterol’.
Mas, independentemente dos ovos apresentarem mais ou menos vitaminas e colesterol, o pesquisador defende que seu consumo deve ser incentivado. “Como a maior parte da nossa população é pobre, temos que incentivar o aumento do consumo dessa rica fonte de calorias e proteínas, com ressalvas, é claro, para quem tem problemas de saúde relacionados ao colesterol”, disse. Segundo Mendonça, o Brasil é o sexto maior produtor mundial de ovos, mas o consumo interno ainda é baixo, com cerca de 93 unidades por pessoa a cada ano, enquanto em países como Japão e Israel esse número é superior a 365 unidades por habitante.
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